Trabalho do IML vai muito além de recolher cadáveres

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Papa defunto, carro de cadáver, rabecão… não são poucos os apelidos para os veículos do Instituto Médico Legal (IML) usados para recolher os corpos de pessoas mortas. “Só de passar com a viatura do lado, vejo diversas pessoas se benzendo e fazendo o sinal da cruz”, conta Leandro Juk da Cunha, funcionário da subfrota do instituto, setor responsável pelo serviço.

Mas o trabalho do IML não se restringe aos mortos. Segundo o diretor do instituto, Ricardo Kirche Cristofi, cerca de 90% dos exames realizados são em pessoas vivas.

“É preciso desmistificar esse conceito que o IML é sinônimo de necrotério. Nós realizamos análises em casos como os da Lei Maria da Penha, acidentes de trânsito, brigas, e até exames sexológicos”, diz o diretor. Ele lembra ainda que o instituto ajuda e promove estudos na área da medicina legal, permitindo o acesso da comunidade científica aos seus acervos.

O IML é o mais antigo dos órgãos técnicos da polícia paulista, atuando desde 1885 com perícias em pessoas – vítimas ou envolvidas em delitos. Desde 1998, passou a integrar a Superintendência da Polícia Técnico-Científica (SPTC), com o Instituto de Criminalística (IC).

Terá sua estrutura ampliada com a criação de 1.853 cargos para a Polícia Científica, previstos em lei sancionada em julho pelo governador Geraldo Alckmin.

O IML deve ganhar 200 médicos legistas, 155 auxiliares de necropsia, 110 atendentes de necrotério policiais – todos de 3ª classe. Além destas vagas, 77 médicos legistas foram empossados no último dia 8.

O investimento é de R$ 135 milhões por ano e representa um aumento de aproximadamente 64% do efetivo da Polícia Científica.

A criação dos novos cargos faz parte das medidas previstas no “SP Contra o Crime”, um conjunto de ações estratégicas anunciado pelo governador e pelo secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, com o objetivo de diminuir os crimes e valorizar as polícias.

A SPTC realizou um mapeamento detalhado das unidades e chegou a um diagnóstico dos locais onde serão realizadas melhorias para aprimorar os serviços prestados à população e as condições de trabalho dos profissionais. Foram destinados R$ 24 milhões para reformas e construções de unidades do IC e do IML no Estado. As obras emergências têm previsão de início ainda este mês.

Solução de crimes

Utilizando métodos científicos, os médicos legistas, auxiliares de necropsia e atendentes de necrotério criam laudos para ajudar a solucionar crimes. “Assim como o IC, o Instituto Médico Legal comprova o crime através dos laudos”, afirma Cristofi.

“Costumo falar que o laudo é a fotografia de um caso presente para ser julgado no futuro. No papel, o médico legista descreve tudo o que acontece naquele corpo, com o maior número de detalhes. Assim, no futuro julgamento, o documento será uma prova do delito”, explica.

Embora represente apenas um décimo dos atendimentos, a necropsia é o exame mais conhecido. Erroneamente chamado de autópsia, a análise em cadáveres pode indicar não apenas a causa da morte, como também um possível suspeito.

Fonte:

https://www.ssp.sp.gov.br/noticia/lenoticia.aspx?id=32108

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