Choquequirao: a cidadela inca alternativa a Machu Picchu, no Peru

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Com dimensões tão grandes quanto sua irmã mundialmente famosa, Choquequirao é mais difícil de acessar – mas compensa, segundo quem já foi

Uma cidade inca perdida no alto de uma montanha descoberta quase por casualidade e que guarda milhares de tesouros da grandiosa civilização sul-americana. Se ficássemos com todas essas imagens, a imaginação iria imediatamente para a mítica Machu Picchu, na província de Urubamba, no departamento de Cusco, no Peru.

No entanto, se adicionarmos a essa descrição o fato de que poucos viajantes chegam realmente a esse local e que, uma vez em suas paredes, é possível ter uma experiência quase íntima com os incas, a imagem muda completamente. É por isso que Choquequirao, a 165 km de Machu Picchu, permanece quase virgem.

Assim como aconteceu com sua irmã Machu Picchu nos primórdios, apesar de hoje mundialmente famosa e vender milhões de passagens aéreas e roteiros turísticos anualmente, Choquequirao é uma cidadela inca intacta e encravada nas montanhas peruanas só acessível a pé por uma caminhada que dura, segundo os roteiros turísticos, três dias.

“É ideal para viajantes que não querem ser turistas”, diz o jornal argentino La Nación. Há alguns anos, o governo peruano anunciou a ideia de construir um teleférico partindo da cidade de Kiuñalla, a cinco quilômetros dali, para facilitar a chegada dos viajantes.

Uma outra cidadela, Cota Coca, foi encontrada por uma expedição inglesa ao lado de Choquequirao em 2002 e, segundo os pesquisadores que faziam parte da viagem, é um dos pontos que incas usaram para se refugiar dos conquistadores espanhóis. O geógrafo britânico Hugh Thomson, diretor da expedição, disse à época que a descoberta era a maior dos últimos anos no Peru.

Em quechua, Choquequirao significa “berço de ouro”. Assim como acontece com Machu Picchu, há várias teorias sobre sua origem e fundação, mas, além das explicações místicas, a cidadela se parece em tipologia com outras regiões urbanas incas, como a própria Machu Picchu, Ollantaytambo e Pisac, todas no chamado Valle Sagrado.

A cidade possui zonas residenciais, áreas destinadas ao culto solar, grandes praças que comunicavam diferentes bairros e uma imensa rede de terraços de cultivo que abrange centenas de hectares agrícolas. Até o ano passado, segundo o Peru, já haviam sido escavados 30% da superfície total de Choquequirao, que possui, no total, 1.800 hectares.

A cidadela se encontra aos pés da montanha Nevado de Salkantay, nas margens do rio Apurímac. O terreno está dentro da jurisdição do município de Santa Teresa, na província de Cusco, ainda que se estenda até o pequeno vilarejo de Cachora, na fronteira com a província de Apurímac.

Ao contrário do que acontece com o Camino del Inca, que leva a Machu Picchu, a rota até Choquequirao pode ser feita por conta própria, mesmo que os guias insistam em dizer que não. No entanto, várias questões precisam ser levadas em conta: a primeira é que o caminho possui rampas muito íngremes, desníveis brutais e altitudes que chegam perto dos 3 mil metros do nível do mar no seu ponto culminante.

“Não é uma trilha para qualquer um”, avisa o jornal peruano El Comercio. “É preciso estar em boa forma física e subir a montanha em grupo, com uma barraca de dormir e comida. O período médio de viagem até Camino de Santiago é de 25 km, mais 27 que se levam entre Cachora e as ruínas de Choquequirao.

A viagem, no entanto, não se limita à cidadela inca: o povoado de Cachora, típico das altas montanhas peruanas, possui casinhas de barro, uma pequena igreja de estilo colonial, várias hortas e um conjunto de vistas incríveis das montanhas nevadas da Cordilheira dos Andes.

O caminho alterna entre trechos de altiplano, uma baixada até o Rio Apurímac – que tem um dos cânions mais profundos do mundo –, que é cruzado por uma grande ponte e, enfim, um grande bosque denso que se avizinha da selva amazônica. “O mais importante é se maravilhar com o gênio da civilização inca. O cume dele é a cidade de Choquequirao, mas o próprio caminho, construído pelos laboriosos habitantes do século 14, já é um orgulho de planejamento e esforço”, diz o La Nación.

O paulistano Bruno Palmaso fez o roteiro há dois anos e concorda com os alertas e com as indicações. Para ele, a cidade é impopular ao turismo porque a chegada é muito mais difícil do que a Machu Picchu, “A melhor parte de Choquequirao é que ela é deserta e não há nenhum turista por lá”, conta. “Eu achei os terraços incas e os aquedutos que descem da montanha as coisas mais incríveis que já vi na vida. Vale a pena”, finaliza.

 

 

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