Veja como foi o primeiro voo privado para transporte gratuito de órgãos dentro de programa do Governo de SP

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Projeto utiliza aeronaves privadas para o transporte gratuito de órgãos destinados a transplantes; iniciativa inédita dará agilidade na logística de captação de órgãos e ampliará a chance de sucesso nos procedimentos

O programa TransplantAR Aviação Solidária, iniciativa do Instituto Brasileiro de Aviação (IBA) em parceria com o Governo de SP e da Secretaria de Estado da Saúde (SES), realizou no último dia 10 o primeiro voo utilizando aeronaves privadas para o transporte gratuito de órgãos destinados a transplantes no estado de São Paulo. A captação ocorreu em uma cidade do interior, a mais de 300 km da capital, e o órgão doado, um coração, foi destinado a uma paciente de 49 anos internada no Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da FMUSP.

“Quando nós recebemos a oferta do coração, foi por volta das 5h. Nosso paciente, por estar priorizado na fila, foi quem recebeu. O coração estava a mais de 300 km de distância, e se nós fizéssemos esse trajeto de carro, seria inviável por ser, no mínimo, 3 horas de viagem, então era fundamental que tivéssemos o acionamento aéreo”, relata Ronaldo Honorato, cirurgião cardiovascular do InCor.

A aeronave, um helicóptero bi-turbo com capacidade para oito passageiros, completou o percurso em cerca de 50 minutos, diminuindo a rota em cinco horas. Esse primeiro voo marca o fortalecimento da logística de transplantes no estado, que teria custado aos cofres públicos cerca de R$ 20 mil para o trajeto do mesmo veículo.

“O órgão chegou em um estado muito melhor do que ele chegaria se o transporte fosse via terrestre. O paciente receptor não estaria nas mesmas condições que ele está agora”, explica Samuel dos Santos, cirurgião torácico do InCor.

O projeto utiliza aeronaves privadas para o transporte gratuito de órgãos destinados a transplantes. A iniciativa inédita dará agilidade na logística de captação de órgãos e ampliará a chance de sucesso nos procedimentos.

“A situação foi muito impactante, pois conseguimos fazer o transplante inteiro em apenas 3h e 15 minutos”, revela Honorato. “Tudo ocorre em função da doação, que é o elemento fundamental para que o projeto alcance o seu objetivo, mas nada acontece se as famílias não autorizarem a doação. A atitude é um ato de amor ao próximo”, completa. Ao todo, foram cerca de 20 pessoas que ajudaram na captação, entre eles o Ronaldo Honorato e Samuel dos Santos.

O programa da SES e do Instituto Brasileiro de Aviação (IBA) não acarretará custos aos cofres públicos e utilizará aeronaves privadas, que frequentemente permanecem paradas em hangares, para realizar os deslocamentos. Os proprietários dos veículos aéreos podem doar horas de voo para o programa e serão selecionados pelo IBA.

Transplantes no estado

Até setembro deste ano, cerca de 24 mil pessoas aguardavam por um transplante de órgãos ou tecidos no estado de São Paulo. O estado é responsável por 31% de todos os procedimentos realizados no Brasil. Somente no primeiro semestre de 2023, foram feitos 5.077 transplantes de coração, fígado, pâncreas, pulmão, rins e córneas.

A Central de Transplantes do Estado de São Paulo registrou, no mesmo ano, um aumento de 5% no volume de transplantes de órgãos e tecidos em relação a 2022. Foram 8.176 e 8.597, respectivamente. Até setembro deste ano, foram realizados 6.229 transplantes.

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