O avanço no número de casos de dengue na região aumentou a procura por repelentes nas principais farmácias do Rudge Ramos. Uma marca especifica, a Exposis, do laboratório francês Osler, começou a sumir das prateleiras desde o começo de março. Este produto é o único repelente que apresenta o princípio ativo Icaridina, que promete repelir o mosquito Aedes Egypti e de efeito prolongado.
Marcas mais conhecidas no mercado, como OFF, Autan e Reflex, possuem o componente Deet, que também repele o mosquito transmissor da dengue. A concentração de Deet depende do produto (spray, gel ou creme).
Nas três marcas, a quantidade varia entre 6% a 15%. Segundo dados recomendados pela OMS (Organização Mundial de Saúde) são necessários de 30% a 50% do composto para o produto fazer efeito.
Na farmácia David Med, da avenida Dr. Rudge Ramos, o repelente Exposis é disputado. “Em apenas um dia, vendemos 72 frascos. Hoje, não tenho mais no estoque”, disse o farmacêutico Leonardo Davites.
A mesma situação se repete na drogaria São João, em que não há produto no estoque do fornecedor. “Estamos com lista de espera, mas nossos três fornecedores não dão nem a opção de compra”, afirmou o farmacêutico Leandro Aparecido Dantas.
De acordo com a subgerente da Drogaria São Paulo, Ana Alves, os clientes chegam decididos a comprar o Exposis. “Elas não querem nem as outras marcas”. A farmacêutica da drogaria Coop, Luciane Arcieiro Azevedo Silva, disse que o pedido é maior por repelentes para crianças. “As escolas têm solicitado o uso de repelente, algumas mães ligam procurando os produtos.”
A empresária Samanta Martin de Souza, mãe de um menino de 4 anos, conseguiu comprar dois frascos do Exposis no final de fevereiro, mas desde então não encontra mais o produto. “Em breve vou viajar para os Estados Unidos e pretendo comprar lá”, disse.
Samanta soube do repelente pelas redes sociais e por recomendação da professora de seu filho. “Meu filho sempre era picado. Desde que comecei a passar nele, vejo que está mais protegido.” A reportagem constatou que há muitas reclamações em relação a falta do produtos nas redes sociais da marca.
Demanda
Segundo o diretor geral do laboratório Osler, Paulo Guerra, não se trata de uma falta de produto, diminuição da capacidade ou falta de planejamento. Mas uma demanda descontrolada, que foi 15 vezes maior do que o mesmo período do ano passado.
“Observamos um aumento na demanda no final de fevereiro porque médicos estão indicando o repelente Exposis, devido à Icaridina, componente eficaz com contra o Aedes Egypit”, afirmou.
A Icaridina é importada da Alemanha e o repelente é formulado no Brasil. “Estamos produzindo 24 horas por dia, importando ao máximo, mas os pontos de venda, transportadoras, a logísticas não conseguem dar conta da demanda”, disse Guerra. De acordo com o diretor, em algumas cidades do interior de São Paulo que foram consideradas em situação de epidemia de dengue, a demanda aumentou 40 vezes.
Guerra afirmou também que tanto os governos municipais, estadual ou federal e especialistas não conseguem prever quando e onde haverá epidemias e surtos de dengue. “A população é pega de surpresa e isso acaba gerando um comportamento inadequado. Algumas pessoas estão estocando repelentes, vão nas farmácias e logo compram vários de uma vez só”, comentou.
Nas farmácias do Rudge Ramos, o Exposis custa em média R$ 30,00, portanto mais caro se comparado a outras marcas de repelentes. “O preço sofre variações com o dólar, mas valor vendido para a farmácia foi inalterado”, disse Guerra.
Casos no Estado
Dados da Secretaria Estadual da Saúde divulgados na sexta-feira, 27, mostram que subiu para 100 mil o número de casos de dengue confirmados no Estado de São Paulo, desde o início do ano. Houve uma alta de 116% em relação ao primeiro trimestre de 2014, com uma taxa de incidência superior a 300 casos por 100 mil habitantes.
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