Poluição do ar em congestionamento é três vezes maior que no resto da cidade

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Nos congestionamentos, o nível de poluição do ar é três vezes maior do que nas demais áreas urbanas, de acordo com o médico Paulo Saldiva, coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP (Universidade de São Paulo). Ainda segundo Saldiva, o grau de exposição aos poluentes pode variar. “Em um carro com janelas fechadas e o ar condicionado ligado, a pessoa está mais protegida do que no ponto de ônibus.”

Quem tem menos recursos financeiros sofre mais com a poluição do ar. Moradores das periferias demoram mais para chegar às suas casas e passam mais tempo no trânsito. Esse fenômeno é descrito pelo médico como “desigualdade socioambiental”.

Silvio Shizou, professor de Engenharia Mecânica da FEI (Fundação Educacional Inaciana), afirma que os principais poluentes gerados pelo motor de um automóvel são o monóxido de carbono, os óxidos de nitrogênio, os hidrocarbonetos e os aldeídos.

Shizou explica que a redução no consumo de combustível diminui a liberação desses resíduos. Reduzir o giro do motor e manter a velocidade uniforme contribuem para uma baixa emissão. Já arrancar em alta velocidade é altamente prejudicial. “O carro pesa uma tonelada. Para começar o movimento consome-se muito combustível.”

O Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) define os limites máximos de poluição por automóveis. Veículos leves de passageiros não podem emitir, por quilômetro rodado, mais de 2 g de CO (Monóxido de Carbono) e 0,05 g de material particulado.
 
Partículas Inaláveis – O material particulado é qualquer substância líquida ou sólida suspensa na atmosfera. De acordo com Paulo Saldiva, a exposição às partículas tem efeito crônico e acumulativo no corpo humano. “Estão relacionadas à redução da expectativa de vida e contribuem para o desenvolvimento de câncer no pulmão e arterosclerose. Nossos pulmões e vasos sanguíneos envelhecem mais rapidamente.”

O médico afirma que os carros são responsáveis por 90% das partículas em São Paulo, e o problema vai muito além da saúde. “A poluição do ar depende de políticas de transporte, ocupação do solo e escolha dos combustíveis.”

Para Saldiva, reduzir o nível de poluentes traz mais vantagens do que investir no tratamento das doenças. A cada R$ 1 investido no combate a poluição, economiza-se R$ 8 na saúde. Além de poupar vidas, “trata-se de um bom negócio”, completa o especialista.

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