Fábrica de carros do Japão já possui unidades de produção na Nigéria e na África do Sul
A Nissan planeja começar a montar seus veículos no Quênia, reforçando os planos do governo do país africano de desenvolver uma montadora na maior economia da África Oriental.
A empresa japonesa é a última a mirar o mercado queniano, depois da alemã Volkswagen e da francesa Peugeot anunciarem ideias de inaugurar fábricas na mesma região.
Os projetos poderiam cortar os custos de veículos novos para consumidores em uma das economias mais desenvolvidas da África, onde a propriedade de carro para cada mil pessoas é um quarto da média global.
Fora da África do Sul, não há quase nenhuma montadora automotiva no continente, por causa de desafios como o volume de carros usados importados, poucas opções de financiamento e redes de estradas em más condições. Leilão de vans, carros, ônibus e caminhões produzidos no Japão enchem as ruas das capitais africanas de veículos de segunda mão, como recentemente mostrou o jornal Japan Times.
Os carros japoneses chegam à África com menos de 10 anos de uso e 100 mil quilômetros rodados, e os preços costumam ficar na média de US$ 4,7 mil (R$ 16 mil). Modelos usados japoneses são os preferidos dos importadores africanos pelas suas condições e durabilidade.
Cerca de 240 mil carros usados foram exportados do Japão para as nações do continente no ano passado, segundo o Ministério da Fazenda japonês. É mais do que dobro das vendas de uma década atrás, o que torna a África uma presença global de 20% no negócio. Como os dados não levam em conta veículos que custam menos de 200 mil ienes (R$ 6,3 mil), o número de vendas deve ser ainda maior.
A Nissan afirmou que vai inicialmente montar apenas caminhonetes com peças semidesmontadas (semi-knocked down kits, ou SKDs, na sigla em inglês), mas depende da aprovação do governo queniano em dispensar uma taxa de imposto de 25%.
“Nós estamos prontos para entrar no Quênia como uma montadora SKD”, afirmou o diretor de operações para a África da Nissan, Jim Dando. “Estamos interessados em mudar muito rápido. Nós queremos fazer isso acontecer”, completou em entrevista ao jornal Ásia Nikkei. A Volks, que retornou ao Quênia no ano passado depois de quatro décadas de ausência, está produzindo versões do Polo com peças desse tipo.
A Nissan vai submeter estudos de mercado ao governo queniano e, quando os acordos estiverem completos, vai começar a montar os veículos até o final de 2019 – caso receba sinal verde. A empresa trabalharia em uma fábrica já pronta que custaria cerca de US$ 20 milhões (R$ xxx), em vez de construir uma própria.
Investir em uma fábrica para peças completamente montadas (CKDs) iria requerer mais de US$ 100 milhões, enquanto uma fábrica nova custaria o dobro disso. A Nissan admite que prefere começar com veículos semiprontos enquanto constrói seu mercado na África e gera uma força de trabalho especializada, explicou Dando.
Quando estabilizada, a ideia é que a fábrica alimente todo o mercado da África Oriental, que hoje é servida apenas por importações de veículos da África do Sul e de outro modelos dos leilões japoneses. Além de uma montadora sul-africana, a Nissan possui uma unidade de produção na Nigéria.
Exportadores de carros usados baseados em Tóquio atuam em mais de 120 países no mundo, mas começaram seus negócios em Bahamas, Fiji e outros países menos dependentes do mercado de commodities. Isso ajudou as companhias a evitarem fechar no vermelho, mas o volume de exportações ainda caiu por causa do tamanho dessas economias.
Recentemente, a demanda por carros de segunda mão do Japão encolheu nos países africanos que exportam recursos para a China, resultando em uma queda nos preços dos automóveis, segundo o diário japonês Asian Review, que afirma que a indústria de carros usados da ilha nipônica foi jogada no acidente inesperado da lenta economia chinesa.