Obra da Petrobrás atingirá ABC e entidades lutam por contratações de trabalhadores da região Quase 1900 vagas

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Um protesto realizado no inicio de janeiro, em frente ao canteiro de obras do consórcio Sacs/Niplan, no Riacho Grande, em São Bernardo do Campo, vencedora da licitação para a implantação de nova linha de gasoduto, que ligará Cubatão à São Paulo, passando por cinco cidades do ABC, chamou atenção depois que o vídeo com as reivindicações foi compartilhado na página da rede social do Grupo de Apoio aos Trabalhadores Desempregados do Grande ABC Paulista (GAT-ABC), organizadores da manifestação.

Segundo apuramos, a obra encontra-se em fase inicial e deve alcançar as cidades do ABC já nos próximos meses. As cidades do abc que sofrerão intervenção da obra serão, Rio Grande da Serra, São Bernardo do Campo, Ribeirão Pires, Mauá e Santo André.

No vídeo, um representante de uma Cooperativa de Trabalhadores Cosmópolis, Adriano Cosa Nostra explicou que o Consórcio vencedor da obra estaria trazendo encarregados e supervisores de fora do ABC Paulista, e que a mão de obra local terá poucas chances de ocuparem as vagas para o empreendimento. Segundo Adriano, os trabalhadores desempregados da região, são todos especializados em obras de gasoduto. A Cooperativa de Trabalhadores de Cosmópolis esteve presente na manifestação em apoio ao GAT-ABC.

OBRA VAI GERAR QUASE 1900 EMPREGOS DIRETOS, MAS ABC CORRE O RISCO DE TER ACESSO A APENAS 20% DAS VAGAS, EXPLICA O LÍDER DO GAT-ABC

De acordo com documentos que tivemos acesso, a obra prevê quase 1900 novos postos de trabalhos direto, o que poderia impactar positivamente na economia local nos municípios que receberão a nova linha do gasoduto, chamada de PDD.

Em conversa com o líder da comissão do GAT-ABC, Daniel Freire da Silva, ele explicou que a luta do Grupo é pela mão de obra local, inclusive prepararam um anteprojeto para que seja estabelecido a cota de 70% de mão de obra local e 30% de fora da região: “aqui tem sido o contrário, pois trazem 80% de fora e “ficham” 20% daqui, e estamos travando uma luta com a Sacs e com a Niplan, pois eles estão trazendo todos os colaboradores de fora e falaram que não vão “fichar” ninguém da cidade“, explicou

Ainda, segundo Daniel, o GAP tenta que as contratações sejam efetuadas por meio dos sindicatos: “assim tem como comprovar o endereço do trabalhador, se é local ou não“, que, segundo o líder do Grupo, a Sacs/Niplan estaria usando o recurso do SINE, um site do sistema nacional de empregos, porém vulnerável, pois seria possível os trabalhadores de fora do ABC burlarem os documentos de residencia através de montagens em xerox, para dizerem que são moradores do ABC. Segundo Daniel, seria uma forma dos encarregados passarem, posteriormente,  a lista dos que burlaram para a empresa selecionar os nomes no sistema do site.

Apuramos que há informações desencontradas nesta questão, pois há intervenções de diversas frentes sindicais, um desses Sindicatos, o SINTRICON, é apontado pelo próprio GAP-ABC como atravessador dos demais sindicatos da região e que “estaria pegando os currículos, mas forçando a entrada de trabalhadores de fora do ABC “.

Apesar de estarem dialogando com dois sindicatos, o Construmob e o Sintracon, ambos do setor de construção civil, o GAP-ABC explicou que ainda nenhum dos dois teria assumido a negociação diante do Consórcio Niplan/Sacs.

Conversamos com Mauro Lopes Coelho, Diretor Social do Construmob, sindicato do setor de construção, que informou que o Sindicato está marcando reunião com as empresas (Sacs e Niplan) no intuito de finalizar a discussão de vagas para a região, informando que em mais alguns dias a questão estará definida. Porém, perguntado sobre a quantidade de vagas que estão negociando, já quer a reivindicação é sobre o numero menor de vagas que estarão disponíveis para o ABC, Mauro não quis responder.

Em conversa com pessoas ligadas ao setor de empregos e negócios, a informação é que o diretor social da Construmob foi visto algumas vezes almoçando com representantes do Consórcio, porém, disseram duvidar da veracidade das negociações.

A CAPTAÇÃO DE FORÇA DE TRABALHO DIRETA DEVERIA FICAR À CARGO DO PAT E CENTRO PÚBLICO DOS MUNICÍPIOS QUE RECEBERÃO A OBRA, DIZ COORDENADOR DE RH

De acordo com o Coordenador da Rede de Gestores de Recursos Humanos do ABC, responsável pela captação de vagas e distribuição entre grupos, Marcelo Dantas Fonseca, que em dezembro de 2017 realizou, com apoio da prefeitura de Ribeirão Pires, na região central da cidade um evento de oferta de vagas de empregos, o VI RH na Vila do Doce, região tem trabalhadores para oferecer ao empreendimento: “A região do ABC tem profissionais capacitados para a execução da obra, formados pela obra do Gasan 2 (obra da Petrobrás, também de implantação do gasoduto, ocorrida em 2011)” e conclui que os profissionais deveriam ser captados pelos PATs (Postos de Atendimento ao Trabalhador) e Centros Públicos das cidades que receberão a obra: “seria o método mais justo com a população que engloba os trabalhadores da região do ABC

O OUTRO LADO

Por outro lado, uma publicação da SINTRICON, Sindicato da região do Vale do Paraíba, interior de São Paulo, que responde por trabalhadores de São José dos Campos e Caraguatatuba, ataca o que chama de “falsa comissão” e de “oportunistas” que estariam se aproveitando de desempregados para se beneficiar com taxas de valores cobrados para vender vagas de empregos. E ainda termina a publicação dizendo que a “falsa comissão” não garantiria os direitos e benefícios dos trabalhadores contratados.

Em resposta, o coordenador do GAT-ABC rebateu as acusações: “É mentira, nunca pedimos dinheiro para “fichar” ninguém, pelo contrário, os trabalhadores não tem custo nenhum” e completa que o papel do GAT é buscar as vagas de empregos e encaminhar os trabalhadores e para as questões trabalhistas eles contam com o apoio do Construmob.

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