Até quem trabalha com internet está propício a ser vítima de crimes cibernéticos. O novo ‘golpe do verificado’ tem como alvo perfis que ainda não conseguiram o selo de verificação do Instagram. No caso de Karen Santos, influenciadora do ABC Paulista com mais de cem mil seguidores, a tentativa de golpe veio por e-mail. “Recebi um e-mail dizendo que meu perfil estava elegível para receber o selo de verificação no Instagram. Eu não cliquei em nada porque tenho medo, mas depois de ler, comecei a desconfiar. É difícil porque eles mexem com os sonhos das pessoas”.
A fraude que chegou até a influencer é uma das mais recentes registradas, na qual um e-mail com a logo do Instagram diz que basta preencher um formulário com o número de telefone, e-mail, e usuário para receber o verificado. Além disso, há um aviso dizendo que ele será invalidado em apenas 48 horas.
Cibercriminosos passaram a usar ferramentas como o ChatGPT, tecnologia baseada em inteligência artificial para gerar diálogos virtuais, para desenvolver textos chamativos para convencer suas vítimas mais facilmente. Daniel Barbosa, especialista em segurança da informação, afirma que “este tipo de golpe é pouco sofisticado e se baseia em técnicas de engenharia social para enganar as vítimas. Toda oferta que prometer uma rentabilidade fora do comum, é provável que seja fraude”.
No caso de quem foi vítima deste tipo de engano, Daniel explica que é possível recuperar o dinheiro se for feito um boletim de ocorrência e contatar imediatamente o banco. Entretanto, como o envio dos valores foi feito sem ameaças, ele é considerado legal e isso pode dificultar o processo de ressarcimento. “Todo e-mail ou mensagem que você recebe de forma passiva e que contém alguma mensagem que cria um senso de urgência, potencialmente é golpe. Isso acontece porque os cibercriminosos tentam afetar o emocional das pessoas, para que elas sintam que estão fazendo um bom negócio, e assim, elas desligam seu senso crítico”, explica Barbosa.
Um amigo posta em suas redes sociais uma proposta irrecusável: ao enviar R$ 30 via Pix para um corretor desconhecido você ganhará R$ 300 em troca em poucos segundos. Ele mesmo apresenta comprovantes de pagamento, capturas de tela do saldo bancário e vários elogios ao negociador. Essa modalidade de golpe está cada vez mais comum nas redes sociais, por isso, é importante estar atento aos sinais de engano e como evitar ser vítima.
Bruno Caires, cirurgião-dentista de São Bernardo do Campo, foi uma das vítimas que teve seu perfil nas redes invadido: “Aconteceu do nada, eu estava mexendo no Instagram e de uma hora para outra ele foi desconectado. Quando tentei entrar de novo, já tinham trocado a senha e os dados, desde o número de telefone até o e-mail. Não recebi nenhuma notificação do aplicativo e logo depois de recuperar a conta, eles tentaram invadir de novo”, explica Bruno.
O especialista em segurança da informação recomenda algumas práticas para evitar ser vítima de golpes nas redes sociais: “O primeiro passo é desconfiar: toda oferta que for boa demais pra ser verdade, mensagens que conterem senso de urgência, um novo perfi lde um amigo nas redes ou qualquer formulário que exigir dados muito específicos e pessoais, essas são características certeiras de golpes. Além disso, é importante ter cuidado em tudo que você clica, ter um antivírus instalado em seus dispositivos e ter senhas diferentes para cada acesso, para evitar maiores prejuízos”.
É possível tentar restaurar o perfil, mesmo que o criminoso altere o nome na página. Se você ainda tiver acesso às informações da sua conta, como endereço de e-mail ou número de telefone, tente alterar sua senha imediatamente. O Instagram solicitará que você entre em contato por e-mail para fazer a alteração.
“Achei muito estranho porque minha conta tinha verificação de dois fatores e teoricamente era pra chegar alguma notificação por WhatsApp. Tive que fazer uma selfie de vídeo para comprovar a identidade e depois disso o Instagram entrou em contato comigo pelo e-mail que forneci a eles”, explica Bruno, sobre como recuperou seu perfil.
OUTROS GOLPES
Perfis falsos: criminosos criam perfis falsos, duplicando as informações de mulheres, com o objetivo de ‘vender’ conteúdo adulto.Os golpistas começam a seguir homens que estão no perfil da vítima e postam stories anunciando que a pessoa está trabalhando com conteúdo adulto;
Phishing: a técnica mais comum é se passar por um banco por e-mail, atraindo a vítima para preencher um formulário falso ou visitar uma página web solicitando a introdução de dados de conta ou credenciais de login;
Urubu do Pix: hackers invadem o perfil de um usuário e compartilham comprovantes de pagamento e o número de um suposto corretor de investimentos, predando vítimas necessitadas para obter ganhos rápidos.
CECILIA FERRAZ*
Esta reportagem foi produzida por estagiários da Redação Multimídia do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo.
