O IPCA atingiu 1,31% puxado pelos grupos Educação, Habitação, Alimentação e Transportes. Juntos, eles responderam por 92% da alta do indicador
A inflação oficial de fevereiro foi de 1,31%, a maior para o mês desde 2003. Com o resultado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou a acumular alta de 1,47% no ano e de 5,06% em 12 meses, estourando a meta estabelecida pelo Banco Central, de 3,0%, com margem de tolerância superior de 4,5%.
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, 12/3, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPCA de fevereiro ficou 1,15 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de janeiro (0,16%). Em fevereiro de 2024, a variação havia sido de 0,83%.
Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, a maior variação foi registrada em Educação (4,70%), grupo que teve impacto de 0,28 p.p no IPCA de fevereiro, seguido de Habitação (4,44%), responsável pelo maior impacto (0,65 p.p.) no índice do mês.
Destacam-se, também, as altas nos grupos Alimentação e bebidas (0,70%) e Transportes (0,61%). Juntos, os quatro grupos respondem por 92% do índice IPCA de fevereiro.
Educação – No grupo Educação, a maior contribuição veio dos cursos regulares (5,69%), por conta dos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo. As maiores variações vieram do ensino fundamental (7,51%), do ensino médio (7,27%) e da pré-escola (7,02%).
Habitação – No grupo Habitação, a energia elétrica residencial foi o subitem com o maior impacto positivo no índice (0,56 p.p.), ao avançar 16,80% em fevereiro, após a queda observada em janeiro (-14,21%), em função da incorporação do Bônus de Itaipu.
Alimentação – Em Alimentação e bebidas, a alimentação no domicílio subiu 0,79% em fevereiro, mostrando desaceleração em relação a janeiro (1,07%). Contribuíram para esse resultado as altas do ovo de galinha (15,39%) e do café moído (10,77%). No lado das quedas, destacam-se a batata-inglesa (-4,10%), o arroz (-1,61%) e o leite longa vida (-1,04%).
A alimentação fora do domicílio (0,47%) também desacelerou em relação ao mês de janeiro (0,67%), com os subitens lanche (0,66%) e refeição (0,29%) mostrando variações inferiores às observadas no mês anterior (0,94% e 0,58%, respectivamente).
Transportes – No grupo dos Transportes, o resultado foi influenciado pelo aumento nos combustíveis (2,89%): óleo diesel (4,35%), etanol (3,62%) e gasolina (2,78%). Apenas o gás veicular (-0,52%) apresentou redução.
Ainda em Transportes, o resultado do ônibus urbano (3,00%) reflete reajustes nas tarifas de diversas localidades, como em São Paulo, onde a tarifa do ônibus urbano aumentou 13,64% a partir de 06 de janeiro e a do metrô e trens, 0,97%,
IPCA – Variação e impacto por grupo
GRUPO | VARIAÇÃO (%) | VARIAÇÃO (%) | IMPACTO (p.p.) | IMPACTO (p.p.) |
---|---|---|---|---|
Janeiro | Fevereiro | Janeiro | Fevereiro | |
Índice Geral | 0,16 | 1,31 | 0,16 | 1,31 |
Alimentação e bebidas | 0,96 | 0,70 | 0,21 | 0,15 |
Habitação | -3,08 | 4,44 | -0,46 | 0,65 |
Artigos de residência | -0,09 | 0,44 | 0,00 | 0,01 |
Vestuário | -0,14 | 0,00 | -0,01 | 0,00 |
Transportes | 1,30 | 0,61 | 0,27 | 0,13 |
Saúde e cuidados pessoais | 0,70 | 0,49 | 0,09 | 0,07 |
Despesas pessoais | 0,51 | 0,13 | 0,05 | 0,01 |
Educação | 0,26 | 4,70 | 0,02 | 0,28 |
Comunicação | -0,17 | 0,17 | -0,01 | 0,01 |
Fonte: IBGE
Preços ao Consumidor
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 1,48% em fevereiro. No ano, o acumulado é de 1,48% e, nos últimos 12 meses, de 4,87%, acima dos 4,17% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em fevereiro de 2024, a taxa foi de 0,81%.
Os produtos alimentícios desaceleraram de janeiro (0,99%) para fevereiro (0,75%). A variação dos não alimentícios passou de -0,33% em janeiro para 1,72% em fevereiro.
Quanto aos índices regionais, a maior variação ocorreu em Aracaju (1,79%), influenciada pela alta da energia elétrica residencial (19,20%) e da gasolina (3,29%). A menor variação ocorreu em Goiânia (1,01%), por conta do recuo das passagens aéreas (-26,67%) e das carnes (-1,95%).
Foto: Marcelo Soares/DC
Fonte: Diário do Comércio