Hortas ajudam na recuperação de dependentes químicos e alcoólicos em Diadema

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Objetivo é desenvolver o senso de responsabilidade e o prazer em realizar atividades saudáveis

O cultivo de hortas é usado como terapia ocupacional no tratamento de dependentes químicos, alcoólicos e pessoas com problemas psicológicos em Diadema. De acordo com Nelson Yufi Kawauti, técnico agrícola da Secretaria da segurança alimentar do município, que tem contato periódico com as hortas, o projeto existe desde 2003 para apoiar a alimentação saudável, a sustentabilidade e a terapia. Atualmente, existem seis delas funcionando no município com o plantio de hortaliças e legumes sem agrotóxico.

O principal objetivo da horta é preencher o tempo dos internos, afirma Antonio Eduardo de Almeida, coordenador e conselheiro em dependência química no Gábata (Grupo de Apoio Bem-Aventurada aos Toxicômanos e Alcoólicos), um dos lugares que utiliza as hortas ocupacionais como parte do tratamento em Diadema. Para ele, muitos dos que procuram a ajuda da instituição levavam uma vida desregrada, sem responsabilidades, e a horta é um dos meios de ajudar na criação de uma nova rotina. “É um período de laborterapia, que é a terapia por meio do trabalho”, disse. Ele também acredita que os ajuda ao ver a importância, o valor e a capacidade que eles possuem quando colhem o produto de seu esforço.

“Ajuda muito porque a gente trabalha e se diverte”, disse um dos residentes da comunidade terapêutica Gábata. Segundo J., um homem com cerca de 50 anos que prefere não se identificar, ele escolheu prolongar sua estadia de seis meses no local para poder trabalhar por mais tempo na horta e ensinar os outros pacientes. Ele ficará por mais três meses, além do tempo máximo estipulado pelo programa.

Segundo Ariella Hasegawa, psiquiatra e coordenadora do AME (Ambulatório Médico de Especialidades) Psiquiatria de São Paulo, a terapia ocupacional ajuda os pacientes por meio de atividades manuais, desde que seja algo que faça sentido para eles. “É importante que eles gostem do que fazem ou não terá sentido algum”, disse.

Ariella explica que dependentes químicos e alcoólicos têm problemas em controlar as próprias vontades e quando se utilizam de técnicas que dão prazer, promovendo a produtividade, isso os ajuda controlar seus impulsos. “A terapia medicamentosa tem muitas limitações, porque não existe nenhum remédio que consiga efetivamente reduzir a fissura a longo prazo”.

São plantadas nas hortas alface, jiló, quiabo, couve e outras hortaliças, mas os tipos de vegetais podem mudar de acordo com a disponibilidade das mudas e com base na temporada de plantio. Além do auxílio psicológico, tudo que é cultivado é aproveitado na alimentação das instituições.

*Esta reportagem foi produzida por alunos do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo

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