Golpes e fraudes bancários crescem com o aumento do uso do PIX

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O PIX foi o método de pagamento mais usado no Brasil no ano de 2022, com quase 30 bilhões de transações no período. Porém, com a popularização dessa ferramenta, novas fraudes e golpes foram criados e, segundo pesquisa realizada pela Kaspersky, empresa especializada em criação de softwares de segurança, nos últimos 12 meses, o número de malwares bancários maliciosos atingiu 200 mil, sendo a maior marca em seis anos.

O advogado especialista em golpes e fraudes bancárias Alexandre Berthe, elogia o PIX e considera a ferramenta como uma evolução importante na economia do país. “O problema maior é a violência atual do Brasil. Não é possível dizer que o PIX facilitou os golpes, mas os golpes que já existiam passaram a se concentrar nessa ferramenta, pois dificilmente uma transferência realizada por esse instrumento é bloqueada pelos bancos.”

De acordo com a Febraban, os bancos do Brasil somam um total de R$ 3 bilhões investidos por ano na proteção de dados em seus aplicativos e sites, o que corresponde a 10% do valor gasto pelo setor em tecnologia.

Ivan Novaes é técnico de informática especialista em proteção de dados e afirma que os aplicativos de bancos já possuem algumas ferramentas que podem auxiliar na segurança dos usuários. “O método de segurança mais comum é a autenticação em dois fatores, onde é adicionada uma camada extra de proteção no aplicativo. Além disso, os bancos têm a obrigação de monitorar atividades suspeitas e notificar seus clientes caso algo de errado aconteça em sua conta.” Ele completa dizendo que também é importante os bancos investirem em educar seus clientes, para orientá-los a não caírem facilmente em fraudes bancárias.

Novaes conta que um dos golpes bancários mais comuns envolvendo o PIX é o Phishing, onde os criminosos enviam mensagens de texto, e-mail ou ligações falsas se passando por instituições financeiras e solicitam informações de cartões e contas bancárias das vítimas. Ele também cita clonagem de aplicativos como um dos métodos de fraude mais comuns.

Uma das vítimas do Phishing foi a aposentada e moradora de Santo André, Andreia Correia, 64. Ela relata que caiu num golpe através de mensagens falsas de um criminoso que fingia ser sua filha. “A primeira mensagem dizia que era minha filha e que tinha trocado o número do celular, após isso o criminoso disse que estava passando por uma urgência e pediu uma transação via PIX com alto valor.” Andreia completa dizendo que no momento não percebeu que era um golpe e que perdeu cerca de R$ 1.000 no caso.

O advogado Alexandre Berthe explica que a primeira ação de alguém que se torna vítima de um golpe envolvendo PIX é entrar em contato com a instituição bancária. “Os bancos têm a obrigação de suspender transferências suspeitas através do seu monitoramento. Após isso, a polícia deve ser acionada através de um boletim de ocorrência.” Berthe ainda diz que a vítima deve entrar em contato com um advogado caso o banco não consiga solucionar o problema.

Além de ser o método de pagamento mais usado no país, o PIX foi a segunda forma de pagamento mais usada no mundo no último ano, apenas atrás da transferência instantânea na Índia, que obteve quase 90 bilhões de operações.

Apesar da alta nos golpes e fraudes com o PIX, a ferramenta ajuda o sistema comercial do país, como conta o comerciante autônomo Eneas Dias. “A criação dessa ferramenta ajudou muito no momento de devolver o troco, pois muitas vezes as pessoas não andavam com notas de valor baixo. Nunca tentaram me dar golpes então eu confio no PIX, e atualmente mais ou menos metade do meus clientes usam essa forma de pagamento.”

 *Esta reportagem foi produzida por estagiários da Redação Multimídia do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo.

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