A poluição, que é maior neste período de frio, também tem o seu papel, pois ajuda a carregar micro-organismos para as regiões mais profundas do pulmão. “É como se o micro-organismo, bactérias e vírus pegassem uma carona nas partículas de poluição e vão penetrando nas regiões mais fundas, onde a gente faz troca gasosa, ensejando o aparecimento de pneumonias”, diz.
De acordo com o médico, o coração tem que bombear contra uma resistência periférica aumentada, ou seja, contraímos as artérias para evitar perda de calor através da pele, mas consequentemente o coração vai ter que bombear contra uma resistência maior. “E, infelizmente, com essas temperaturas que estão muito baixas, a gente espera um aumento das demandas por doenças respiratórias e cardiovasculares e, também, mortalidade.”
Para minimizar esses efeitos, é preciso controlar as doenças que são preexistentes, alerta Saldiva. “Se é hipertenso, se é doença cardiovascular, se é asmático, se o bebê ou a criança estão com chiado no peito tem que ficar de olho e procurar assistência médica. Mudou a secreção respiratória, começou a ter catarro, tosse, é importante levar na assistência médica e ficar bem de olho”, ressalta.
Já os idosos precisam ter atenção diferenciada nesta época de frio intenso, principalmente os que têm acima de 70 e 80 anos. “É preciso observar o seu comportamento, porque perderam essa capacidade de termorregulação, a pele fica mais fina, tem menos gordura no subcutâneo e consequentemente fica mais vulnerável ao esfriamento.”
Saldiva conclui que a amplitude térmica, a variação, o sistema de gangorra de temperatura também não fazem bem para as pessoas. “Mas isso veio para ficar. As cidades têm baixa umidade do ar, construímos os desertos de concreto e asfalto e, como acontece em qualquer deserto, de noite faz muito frio e aumenta a temperatura durante o dia e isso nós vamos ter que recuperar.”