Puxadas por serviços, no ano foram criadas 6.011 vagas na região sendo, apenas em abril, 2.569
Capitaneada pelo setor de serviços, a geração de emprego com carteira assinada no Grande ABC atingiu, no quadrimestre, o maior saldo (contratações menos demissões) de vagas em cinco anos. Foram contabilizados 6.011 postos de trabalho nas sete cidades. A última vez em que o número ficou no azul foi em 2013, quando o acumulado do ano apontava para 8.363 oportunidades.
Os dados foram disponibilizados ontem pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), e tabulados pela equipe do Diário.
Para se ter ideia da inversão da curva decrescente do emprego, de janeiro a abril de 2017 o saldo estava negativo em 3.981 postos. Foi a partir do quarto mês daquele ano – quando foi rompida sequência de 28 meses no vermelho – que a região voltou a contratar com registro em carteira. À época, haviam sido criadas 845 chances. Em abril deste ano, o montante triplicou, com 2.569 posições.
“O saldo positivo é um sinal claro de retomada da atividade produtiva na região, porém, não podemos nos esquecer que viemos de um período de baixas muito intensas e ainda estamos bem longe de alcançarmos os mesmos resultados do período pré-crise”, analisa o economista Sandro Maskio, professor e coordenador de estudos do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo.
De fato, em 2014 o saldo era negativo em 620 postos no quadrimestre e 163 em abril; em 2015, houve 9.065 cortes no ano e 3.838 dispensas no mês; e, em 2016, foram 12.415 e 2.154 demissões, respectivamente. Em outras palavras, nestes intervalos de janeiro a abril 2014 até igual período em 2017 (-3.981), ao todo, 26.081 profissionais ficaram sem emprego. Ou seja, ainda há longo caminho até que todos os postos sejam recuperados.
REAÇÃO – Tanto no mês passado quanto no acumulado do ano, o setor que puxou as contratações foi o de serviços. “O desempenho desse segmento é uma característica de quando a economia está saindo da crise, pois muitos desempregados acabam migrando para o setor, que possui mais oportunidades e contratação mais rápida. Na indústria, por exemplo, o processo de seleção é mais lento e seletivo”, exemplifica Maskio.
Do total de vagas formais do quadrimestre, 74% (4.446) foram abertas em serviços. No mês passado, o ramo respondeu por 57% (1.469) das contratações. Em abril, todos os setores ficaram no azul, no ano, porém, comércio ainda amarga saldo negativo de 1.087 postos. “Esse comportamento é esperado porque, historicamente, o primeiro semestre é ruim para o setor. Além das dispensas daqueles contratados no Natal, o consumo ainda é fraco por conta das festas de fim de ano, de gastos com IPTU, IPVA e material escolar, além de fevereiro ser um mês mais curto e ter o Carnaval”, justifica.
Por outro lado, a indústria coprotagonizou a abertura de oportunidades formais: foram 2.311 de janeiro a abril e 580 só no mês passado. O vice-diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) São Bernardo, Mauro Miaguti, destaca que a abertura de postos do setor vem na esteira da produção automobilística, que alavanca também os ramos de plástico, borracha e metal. “Embora ainda tenhamos de recuperar o excesso de demissões dos últimos anos, já é um bom sinal o fato de o segmento estar contratando. Isso acaba movimentando toda a economia da região.”