Estimativa é que retorno da Cide elevará o preço do combustível no país 7,2% em média
A volta da cobrança da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre os combustíveis pode levar o preço do litro de gasolina na bomba a passar de R$ 3 na cidade de São Paulo. Os cerca de 8.700 postos espalhados pelo Estado de São Paulo pretendem repassar integralmente e imediatamente o tributo para o consumidor, segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), José Alberto Gouveia. A volta da Cide começa a valer em 1º de fevereiro.
“Vamos repassar integralmente, não temos como fazer diferente”, diz Gouveia. Segundo ele, a margem dos postos é de R$ 0,35 por litro e a volta da Cide vai representar um acréscimo de R$ 0,22 por litro, sem considerar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). No Estado de São Paulo, com o ICMS de 25% para a gasolina, o custo por litro sobe para R$ 0,275. “Ninguém segura esse aumento. Não podemos assumir problemas que o governo criou.”
Com base no preço médio da Agência nacional de Petróleo (ANP) pesquisado na semana passada, se a Cide passasse a valer hoje o consumidor desembolsaria R$ 11 a mais para encher o tanque de um Volkswagen up!. No caso do utilitário Toyota Hilux SW4, movido a diesel, o gasto adicional para encher o tanque seria de R$ 12.
Estimativa no Brasil O Banco Pine prevê que a reintrodução da Cide elevará o preço da gasolina em 7,2% nas bombas. A cotação será reajustada em fevereiro e deve acarretar um incremento médio de 5% na cotação do etanol hidratado até o início de abril, quando começa a safra 2015/16 de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil. “A elasticidade de preço do etanol hidratado, pelos nossos cálculos, é de 68% da variação do preço da gasolina e demora até dois meses para ser integral”, diz a instituição por meio de relatório assinado pelo analista Lucas Brunetti.
Ainda segundo o Pine, esse aumento de 5% no preço do hidratado faria o mix de produção pender em mais 0,6% para a produção de etanol em 2015/16, o que significa dizer que mais cana será destinada à produção do biocombustível em vez da fabricação de açúcar. Pelos cálculos do banco, a elevação da cotação do hidratado em 5% representaria uma queda de 450 mil toneladas na produção de açúcar na safra.
O Pine estima fabricação de 33 milhões de toneladas de açúcar na próxima temporada, 3,2% mais na comparação entre os ciclos. Quanto ao etanol, a produção deve avançar 1,4%, para 26,4 bilhões de litros, dos quais 15,2 bilhões de litros apenas de hidratado (+0,4%). A moagem de cana no Centro-Sul também deve aumentar, em 3,7%, para 592 milhões de toneladas.
O tributo será de R$ 0,22 por litro de gasolina e passará a valer, efetivamente, em três meses. Até lá, esse R$ 0,22 será preenchido pelo aumento das alíquotas PIS/Cofins.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.