Cuidado humanizado permite alta precoce e segura do bebê prematuro

ARTICLE TOP AD

Hidroterapia e músicas instrumentais estão entre os recursos usados no Método Canguru, no qual o hospital é referência

Quem vê a pequena Arabella quietinha na incubadora não imagina quanto o período em que passa dormindo é precioso para seu desenvolvimento. Arabella nasceu em 8 de agosto no Hospital Municipal Universitário (HMU) de São Bernardo, com 890 gramas e 34 centímetros, na 26ª semana de gestação. Quando completou dois meses de vida na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, sua mãe pôde pegá-la no colo pela primeira vez. “Tinha medo de segurá-la, e ao mesmo tempo era o que mais queria. Foi um período muito difícil. Ela ficou entubada e eu não sabia se minha filha iria sobreviver”, conta a mãe, Eloísa Rodrigues de Souza.

Hoje Arabella está na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) e pesa 1,5 quilo. Segundo a equipe médica, ao alcançar 1.700 gramas a menina poderá ir para casa. “Estamos contando os segundos. Cada grama que ela ganha é uma vitória”, comemora Eloísa. A alta precoce e segura de bebês prematuros é possível graças às estratégias do Método Canguru, que fazem do HMU referência em cuidado humanizado. Sem as ações que estimulam o desenvolvimento dos pequenos e o vínculo entre mãe e recém-nascido, a permanência no hospital seria prolongada e a ida para casa aconteceria só depois que a criança atingisse 2,5 quilos.

Incentivar que o bebê permaneça em contato pele a pele com a mãe — o que ajuda o prematuro a manter a temperatura do corpo e a desenvolver a autonomia respiratória – é apenas uma das técnicas do Método Canguru. O hospital ampliou suas práticas para promover o relaxamento, alívio da dor, estimular o aleitamento materno e o ganho de peso daqueles que nasceram antes da 37ª semana de gestação.

Uma das práticas é a hidroterapia, na qual o bebê permanece de 10 a 12 minutos imerso em um recipiente que limita os movimentos, como um balde, por exemplo. O contato com a água morna, em temperatura de 37°C, relaxa o corpinho do recém-nascido e permite que ele durma e se alimente melhor. “Os prematuros são expostos desde os primeiros minutos de vida a uma série de procedimentos doloridos, que estressam. O sono é importantíssimo porque é dormindo que eles se desenvolvem. Daí a relevância das técnicas que acalmam”, explica a coordenadora da Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) do HMU Cassia Mazzari Golçalves.

O banho de imersão é dado pelas enfermeiras em crianças a partir de 1,5 quilo, que respirem sozinhas e não tenham acesso intravenoso. As mães ficam o tempo todo do lado, e logo aprendem a técnica. “É fantástico. Às vezes o Vitor entra na água chorando, e sai dormindo. A gente não imagina que algo tão simples possa fazer tanta diferença”, afirma Patrícia Olinda da Silva, mãe do Vitor, que nasceu com 1,6 quilo, na 33ª semana de gestação.

Outro recurso bastante utilizado é a rede, instalada dentro da incubadora. A técnica permite que o bebê se aconchegue em posição fisiológica, semelhante ao modo em que permanecia no útero materno, o que possibilita o desenvolvimento neurológico e psicomotor. Também fazem parte da rotina dos prematuros as músicas instrumentais, que relaxam mãe e bebê e embalam o sono, o banho e os momentos dedicados à amamentação.

“Todas essas ações, e a garantia de que o bebê vai estar 24 horas em contato pele a pele com um adulto, em posição canguru, permitem que bebês com peso a partir de 1.600 gramas possam ir para a casa desde que estejam estáveis”, afirma Cassia. Nesses casos, o recém-nascido continua sendo acompanhado pelo Ambulatório Canguru, onde o ganho de peso e as condições gerais de saúde são monitorados por equipe multiprofissional.

“Lidar com a prematuridade me ensinou a ser forte. Toda a ajuda que recebi aqui foi valiosa nesse processo, a equipe é muito humana. Vou sair daqui uma mãe de verdade, uma pessoa melhor do que entrei”, finaliza Eloísa.

Dia Mundial da Prematuridade – Nesta terça-feira (17) é celebrado o Dia Mundial da Prematuridade, instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre o crescente número de partos prematuros e a necessidade de se implementar ações de prevenção e de cuidado humanizado. O HMU inicia programação especial, que integra a Semana de Sensibilização da Prematuridade, para incentivar ainda mais a troca de experiências entre mães, pais e a equipe do hospital. 

ARTICLE BOTTOM AD