Cidades do ABC ficam abaixo da média nacional de vacinação da Hepatite B

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Apenas Diadema e São Caetano tiveram cobertura acima de 85%; imunizantes são fornecidos gratuitamente pelo sistema de saúde brasileiro

Pesquisa feita pelo Observatório Observa Infância da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) mostrou que a cobertura vacinal para a hepatite B no Brasil, em 2022, foi de 75,2%. Isso significa que a cada dez bebês, apenas três não foram imunizados. No futuro, podem sofrer de cirrose hepática, cuja única cura é o transplante de fígado, ou um câncer. No ABC, houve cidades com índices inferiores à média nacional, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e Santo André ficaram abaixo de 70%. Diadema e São Caetano, por outro lado, tiveram a melhor cobertura, 85%.

Para a coordenadora do Programa Municipal de Imunizantes de Diadema, Shirley Felix Cezario de Melo, há várias razões que levaram a cidade ao primeiro lugar. “Acredito que com a implantação das equipes de saúde da família, a ação dos agentes comunitários de saúde nas visitas domiciliares, orientando as famílias quanto à necessidade de deixar a caderneta de vacinação em ordem e encaminhando para a UBS (Unidade Básica de Saúde), tem sido de grande ajuda para esses resultados.”

Segundo Shirley, a abertura das unidades de saúde – um sábado por mês -, a extensão do horário em cinco unidades e a ampliação de polos de vacinação também ajudaram. “Outro ponto fundamental foi a oferta de polos de vacinação nas feiras noturnas, ações da Praça da Moça e nos dois shoppings. Quando a pessoa traz a caderneta de vacina sempre é olhado e orientado a atualizar na UBS”. Também foram verificadas as cadernetas e o calendário das crianças pelo Programa Saúde na Escola.

Outro ponto fundamental é que a campanha de vacina ampliou o olhar das pessoas para suas cadernetas. “A ação de algumas empresas em solicitar a caderneta para contratação; e a sensibilização dos profissionais de saúde quanto à prevenção e erradicação de algumas doenças por meio da vacinação”, reforça a coordenadora.

A Prefeitura de Santo André, por meio da Secretaria de Saúde, relatou que a Central de Imunização do município realiza a entrega da vacina Hepatite B para três maternidades do cidade: Hospital da Mulher, Hospital e Maternidade Brasil e Hospital e Maternidade Dr. Christovão da Gama e que as 34 UBS aplicam o imunizante em todas as pessoas elegíveis, sem necessidade de agendamento. “No ano de 2022 não houve falta dessa vacina em nosso estoque. Sobre as ações, o município segue realizado orientações e várias ações de busca ativa.”

Para o farmacêutico Ernani Kosei, a vacinação da Hepatite não deve ser ignorada. “Como todo cidadão brasileiro, a saúde minha e de meus familiares é extremamente importante. Vacinar-se contra os tipos de Hepatites, não é só um dever como pai ou mãe, mas sim, um sinal de amor e dedicação para com os que prezamos e amamos. Uma única pessoa da família que se contamina, principalmente, as virais, pode disseminar por completo, todo um legado familiar”.

Na opinião de Ernani, a diminuição das taxas de vacinação no país e na região tem um motivo simples.Esse quadro começou em 2019 e piorou com o início da pandemia. “A própria falta de conscientização dos pais, que tiveram no passado, a vacinação completa e está deixando os seus filhos desprotegidos. Não podemos dizer que os problemas são a falta de tempo para levar os filhos ao posto de saúde, esquecimento dos pais, falta de comunicação, etc. Acredito que seja a falta do “Amor Paternal”, que deve estar diminuindo a taxa de vacinação da hepatite no Grande ABC e no Brasil. Essa é a minha opinião como pai e como profissional da saúde”.

  

Dados divulgados pelo Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI PNI Web) mostram que apenas quatro cidades do ABC atingiram a meta nacional 

HEPATITES – As hepatites são uma inflamação do fígado. As mais conhecidas são hepatite A, hepatite B e Hepatite C. As duas últimas costumam ser silenciosas e geralmente são descobertas quando já estão em um quadro evoluído, com cirrose ou câncer de fígado (hepatocarcinoma). Caso descoberta antes desse último caso, a hepatite B crônica tem tratamento, mas não cura. O quadro abaixo mostra sobre o contágio, período de transmissibilidade, sintomas, prevenção, controle e vacinação.

EM GESTANTES – É preciso atenção especial em caso de gestantes. Segundo o Cevs (Centro Estadual de Vigilância em Saúde) do Rio Grande do Sul, é importante realizar testagem para Hepatite B no primeiro trimestre e no terceiro trimestre de gestação, além de repetir no pré-natal. Recém-nascidos de mães com a doença devem receber a primeira dose da vacina e imunoglobulina contra a Hepatite B preferencialmente nas primeiras 12 horas de vida. A amamentação é liberada.

Em relação à Hepatite C, recomenda-se que todas as gestantes realizem o teste na primeira consulta pré-natal. A amamentação ao recém-nascido é liberada. Entretanto, se houver fissuras nos mamilos com sangramento, deve-se suspender temporariamente a amamentação e ordenhar o leite até as lesões se curarem, informa o Cevs.

Em relação à vacinação da Hepatite A, caso o paciente tenha trissomia; fibrose cística; HIV/Aids; coagulopatias; doenças de depósito; portarem os vírus das outras hepatites ou hepatopatias crônicas de qualquer etiologia, a imunização é feita em duas doses, com um intervalo de seis meses entre elas, de acordo com o Centro de Saúde.

Exceto pela injeção recebida na maternidade, as outras vacinas contra a Hepatite B são combinadas, protegendo contra várias doenças por uma aplicação. Para crianças, jovens e adultos não vacinados, é recomendado três doses com intervalo de um mês entre primeira e a segunda, e cinco meses da segunda para a terceira.

*Esta reportagem foi produzida por estagiários da Redação Multimídia do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo.

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