Segundo o estudo feito pelo Instituto Sou da Paz, Diadema e Mauá estão entre as cidades mais violentas do estado de São Paulo. O ranking, baseado em 138 municípios da região com mais de 50 mil habitantes, considera o registro de homicídios, latrocínios, estupros, roubos de veículos e de cargas para a conclusão do levantamento, a partir de dados mensais da Secretaria de Segurança Pública do estado.
Uma vítima dessa violência na grande São Paulo é o auxiliar de estoque, A.M. que, em 2008, presenciou o assassinato de seu avô. Na época, A.M. tinha apenas 12 anos. Ele conta que estava andando com seu avô, quando foram surpreendidos por um homem que anunciou o assalto e em seguida atirou. “Ninguém reagiu. Meu avô levantou a mão e tomou o tiro. Fiquei em choque, não entendia o que tinha acontecido”.
Alguns dias depois do assassinato, o homem que havia cometido o ato, foi preso e confessou o crime. Depois de pegar três anos de detenção, foi solto por bom comportamento.
Ele alega que o assassinato não o traumatizou, mas gerou um sentimento de impotência e angústia por não ter conseguido fazer nada naquele momento. Hoje, ele acredita que se na época alguém estivesse armado ao seu redor, o desfecho seria diferente.
Segundo a psiquiatra Jessica Barbosa Lima, esse sentimento após algum acontecimento violento se faz presente e pode acarretar em mudanças de comportamento. “É o fator surpresa, porque ninguém espera que alguém vai morrer de uma forma violenta, de uma hora para a outra. É um misto de sentimento, como impotência, sensação de revolta, vingança e vazio. Além de um total medo e insegurança perante o fato de poder acontecer isso com outras pessoas e consigo mesmo”.
A mídia e a violência
Casos como esse são veiculados recorrentemente nas grandes mídias. Fatores como a comoção do público e a invasão de privacidade da família envolvida devem ser discutidos. Para A.M., se na época o assassinato tivesse sido noticiado talvez o desfecho poderia ter sido diferente, como uma penalidade maior. “Quando a mídia dá atenção, a justiça fica mais pressionada a fazer um bom trabalho”.
Para a psiquiatra, a mídia exerce um papel importante, desde que saiba a maneira que irá tratar essas notícias. “Conforme a mídia publica, pode ser bom ou ruim, de acordo com o tipo de veiculação. Aquelas muito sensacionalistas acabam sendo um desserviço para os familiares ou aqueles que ficam.”.
Semelhante opinião tem o jornalista e doutor em Teoria da Comunicação, Roberto Joaquim, que ressalta a importância que os meios de comunicação têm frente à população. “Nas sociedades modernas, os meios de comunicação fazem a mediação entre a realidade e o espectador, ouvinte ou leitor. A realidade chega até o público de acordo com o que os meios estão dizendo. O jornalismo tem que levar em consideração a ética e não pode causar pavor nas pessoas”.
No entanto, segundo Joaquim, algumas pessoas só se veem retratadas na mídia a partir do crime. “Casos como o do maníaco do parque, da Eloá e do Celso Daniel, marcaram muito porque tiveram um apelo muito grande. Os meios precisam fazer com que a gente entenda as coisas e não tratar como casos isolados. Sabemos que tudo isso tem causas, origens e em grande parte essa questão está relacionada à violência, ao desemprego, às más condições de moradia que são inumanas”.
*Fonte :Esta reportagem foi produzida por alunos do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo