Casos de virose crescem 135% em um mês no Grande ABC

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Após surto no Litoral, número de atendimentos na rede municipal da região passou de 2.851 no início de dezembro para 6.725 no começo de janeiro.

Após um surto de virose no Litoral paulista, principalmente na Baixada Santista, os municípios do Grande ABC registraram uma alta de 135% nos casos de doenças infecciosas intestinais causadas por vírus. O número de atendimentos na rede municipal de saúde da região pulou de 2.851 na primeira semana de dezembro de 2024 para 6.725 para primeira semana de janeiro. Os dados compreendem cinco municípios – São Caetano e Ribeirão Pires não informaram os números.

O maior aumento foi contabilizado em Diadema, alta de 453,7% – com a ressalva de que os dados divulgados pelo município se referem ao período de 29 de dezembro a 4 de janeiro, e não exatamente à primeira semana do mês. Foram 147 casos na primeira semana de dezembro, ante 814 ocorrências nos sete dias entre o fim de 2024 e início de 2025. (Veja dados por cidade na tabela abaixo)

Apesar da alta de diagnósticos, as prefeituras afirmaram que não houve notificação de surto nos municípios. Santo André, São Bernardo, Diadema, Mauá e Rio Grande da Serra informaram que realizam o monitoramento das notificações. “No momento, a demanda está sob controle. As equipes estão de prontidão e analisando diariamente o cenário junto à vigilância sanitária municipal”, disse o Paço são-bernardense.

O infectologista e membro do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura, Marcelo Neubauer, explicou que virose é qualquer doença ocasionada por um vírus, como gripe, hepatite, dengue e HIV. O médico diz acreditar que a possibilidade de o aumento de casos na região estar relacionado ao surto do Litoral é grande.

“Provavelmente o vírus subiu a serra trazido por pessoas que estavam no litoral. Depende muito das condições sanitárias do local, mas é muito provável que seja o mesmo vírus. Até porque é uma causa muito comum. Para termos certeza de que as ocorrências estão relacionadas, será necessário que as autoridades sanitárias realizem investigações mais detalhadas”, afirmou.

No caso do Litoral, a Secretaria de Estado de Saúde confirmou que o surto foi provocado por norovírus, um tipo de vírus com alta capacidade infecciosa, transmitido por via fecal-oral, que pode causar gastroenterite. De acordo com a Pasta, a norovirose é uma doença que dura em média três dias, provocando sintomas como náusea, vômito, diarreia, dor abdominal e, algumas vezes, dores musculares, cansaço, dor de cabeça e febre baixa.

Neubauer disse que, como a transmissão do norovírus é fecal-oral, quem está contaminado elimina esse vírus no ambiente através da evacuação ou por flatos. “Esse vírus contamina o ambiente, e as pessoas podem se contaminar diretamente ou ao ingerir água e alimentos contaminados por esse vírus. Ele é relativamente contagioso. Como ele demora alguns dias para manifestar sintomas, as pessoas, às vezes, estão transmitindo o vírus sem saber.”

Na segunda semana de janeiro, os casos de virose no Grande ABC diminuíram 28%, em comparação com os sete primeiros dias do mês. Apesar da queda, as redes municipais de saúde contabilizaram 4.788 registros, número superior ao do início de dezembro, que contabilizou 2.851 ocorrências.

O aumento de diagnósticos de virose no início do ano é comum para o período, conforme ressaltou o infectologista Neubauer. “Por que temos uma maior incidência de doenças virais, como a diarreia, no verão? O calor, a aglomeração nas praias, a piora da qualidade da água, a contaminação da areia e da água do mar, principalmente em dias de muita chuva, com sobrecarga das galerias pluviais e de esgoto, podem levar à contaminação cruzada”, destacou.

 

PREVENÇÃO

Para evitar a contaminação por esses vírus, a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo orienta que a população lave bem as mãos antes de preparar alimentos e ao se alimentar, além de evitar alimentos mal cozidos. Também é recomendado evitar banhos de mar nas 24 horas seguintes à ocorrência de chuvas. A Pasta reforça que não devem ser consumidos gelos, raspadinhas, sacolés, sucos e água mineral de procedência desconhecida.

O tratamento para viroses consiste principalmente em hidratação e repouso. Analgésicos e antitérmicos podem ajudar a reduzir outros sintomas, como febre e dores, porém não devem ser consumidos sem orientação médica, conforme alerta da secretaria.

Fonte: Diário do Grande ABC 

Créditos das Fotos: Roger Cristiano Bauer

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