Em São Bernardo, o número de jovens grávidas se mantém estável desde 2011
O censo de 2010 do IBGE aponta que a maternidade entre adolescentes reduziu no país. No ano 2000, a estatística era de 14,8%, mas em 2010 ela diminuiu para 11,8%, na faixa etária entre 15 e 19 anos. São Paulo é o Estado que apresenta um dos menores índices, com 9,1%.
A proporção de adolescentes grávidas no país é maior entre as negras e pardas, já que 14,1% delas foram mães na juventude, enquanto 8,8% das meninas brancas tiveram essa experiência.
Em São Bernardo, o número de adolescentes grávidas se mantém estável desde 2011, com cerca de 1.300 casos anualmente. De 2000 a 2012, o município registrou redução das taxas de gravidez na adolescência de 16,5% para 12,7%. A prefeitura informou, por meio de nota, que a cidade apresenta um dos menores índices de gravidez na adolescência entre os municípios com mais de 100 mil habitantes.
Segundo o coordenador do Caism (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher), Rodolfo Strufaldi, o perfil de jovens grávidas em São Bernardo não acompanha o mesmo do IBGE, e meninas de diversas camadas sociais aparecem nas estatísticas. “A análise dos dados mais recentes demonstra que este é um fenômeno cultural de afloramento precoce da sexualidade.”
O Caism realiza o acompanhamento de adolescentes grávidas com idades entre 12 e 16 anos e os casos são encaminhados pelas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e pelo Pronto Atendimento Ginecológico/Obstétrico do HMU (Hospital Municipal Universitário). Além da atenção especializada, o centro também tem enfoque na prevenção.
Para Strufaldi, investir na educação sexual e na prevenção efetiva da gravidez são ações “essenciais” para reduzir o índice de gestação entre jovens. “Trata-se de uma situação complexa, considerando-se que há aspectos econômicos, educacionais e comportamentais envolvidos.”
Em São Caetano as grávidas são atendidas pela Casa da Gestante. O local oferece leitos de internação, ambulatórios para crianças em situação de alto risco, orientações sobre gestação e acompanhamento médico em diversas áreas. A prefeitura informa por meio de nota que o acolhimento é realizado até as mulheres estarem preparadas para irem para casa com seus filhos.
No Hospital da Mulher Maria José dos Santos Stein, em Santo André, foram realizados 31 partos em agosto em jovens entre 14 e 17 anos. Já em outubro, foram feitos 26 partos em adolescentes entre 13 e 17 anos. Essa redução significa 16,1%.
A prefeitura informou, em nota, que as jovens grávidas podem utilizar o ambulatório de pré-natal que é oferecido pela Secretaria de Saúde do município. Atualmente, 74 gestantes estão sendo atendidas, das quais 24 já tiveram os bebês. Em Santo André, o ambulatório age para prevenir o abandono escolar durante a gestação e para conscientizar as jovens à respeito de futuras gestações.
No caso de Paula Fontes, a gravidez aconteceu aos 18 anos. A jovem tinha suspeitas da gestação, mas só teve a confirmação nos exames. “Logo em um primeiro momento, eu queria que aquilo parasse e que a criança não nascesse. Mas depois que você se acalma, percebe que não é assim que se resolve os problemas e que é preciso enfrentar.”
Paula teve que trancar a faculdade e o sonho de ser publicitária. Para ela, interromper a rotina para viver em função da filha foi a parte mais difícil da maternidade. Além dessa questão, a jovem enxerga que a saúde merece atenção especial das autoridades. “A mãe adolescente precisa lidar com o próprio corpo e se preocupar com o desenvolvimento do bebê.”
Embora tenha sido cuidada pelo sistema privado de saúde, Paula conta que percebe que o suporte aos adolescentes precisa ser melhorado. “O apoio psicológico para a mãe e para a família é fundamental. É claro que aquela fase vai passar, mas todos tomam um susto durante a gravidez. Além disso, disponibilizar métodos contraceptivos para a população jovem é essencial e surtiria mais efeitos.
Fonte:https://www.metodista.br/rronline/noticias/saude/2014/11/maternidade-entre-adolescentes-cai-no-brasil