O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) anunciou nesta quarta-feira (18) a redução de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic. Com a decisão, a taxa caiu para 9% ao ano.
Esta é a menor taxa de juros registrada em dois anos, desde abril de 2010, quando estava em 9,5%.
A decisão de reduzir 0,75 pp foi unânime no comitê, que justificou o corte citando a “fragilidade da economia global”.
“O Copom considera que, neste momento, permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação. O Comitê nota ainda que, até agora, dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária. Diante disso, dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 9% ao ano, sem viés”, disse o comunicado divulgado logo após a reunião.
A redução nos juros representou o sexto corte consecutivo e segue as indicações dadas pelo próprio Copom em suas duas últimas atas, quando a autoridade monetária afirmou que a taxa apontava para uma “elevada probabilidade” de se deslocar e se estabilizar no patamar “ligeiramente acima dos mínimos históricos” –registrados em 2009, quando a Selic chegou a 8,75%.
Como o cenário econômico já apontava para mais uma queda na taxa, o mercado tenta descobrir agora qual a sinalização para o futuro: se os juros continuam caindo, se serão mantidos neste patamar ou se devem iniciar um movimento de alta (caso possível se inflação voltar a subir, apoiada nas medidas de estímulo ao consumo anunciadas pelo governo após o desaquecimento da economia ).
Nesta semana, o BC divulgou um indicador que funciona como uma prévia do PIB (Produto Interno Bruto), que mostrou uma segunda queda mensal no nível da atividade, de 0,23% em fevereiro, após recuo de 0,13% em janeiro.
A inflação caiu cerca de 2 ponto percentual de setembro a março, quando passou de 7,3% para 5,2% (referente ao índice acumulado dos 12 meses anteriores). A redução da inflação agrada ao governo, que trabalha para reduzir os preços ao consumidor e estimular a demanda interna para não ficar dependente de exportações para um mundo em crise econômica.
Além disso, medidas recentes anunciadas pelo governo pretendem coibir a compra de importados para aumentar a competitividade e fortalecer a indústria nacional.
JUROS REAIS
A política de redução de juros adotada pelo BC desde o ano passado fez com que o Brasil deixasse a primeira posição no ranking de juros reais (taxa que desconta a inflação) do mundo, colocação que ocupava desde janeiro de 2010. Agora, a Rússia está na primeira posição na lista com juros reais de 4,2%, enquanto a taxa no Brasil é de 3,4%.
Os dados são de um ranking elaborado pela corretora Cruzeiro do Sul, com 40 das maiores economias do mundo. Da taxa básica, foi descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses.
Editoria de Arte/Folhapress | ||