Para Penteado, a queda retratada na retirada de novos títulos de eleitor passa pela falta de interesse dos jovens em votar. “Infelizmente, a percepção que os jovens sentem é que os votos deles não valem e que todos os políticos são iguais.”
Outro fator que justifica essa redução no interesse do jovem pela política é o predomínio de uma postura mais individualista. “As preocupações estão mais voltadas para satisfazer os seus desejos pessoais. Assuntos públicos, como a política e a eleição, não trazem interesse a esse indivíduo mais preocupado com os seus lazeres e prazeres”, disse o cientista político.
Segundo Penteado, sem a participação dos jovens nas eleições, o país perde a chance de renovar o quadro político, que poderia ser expresso pelo voto da juventude. Além disso, a atitude de não votar agrava o processo de representação política e gera maior alienação sobre o tema.
O professor da UFABC crê ainda que o desinteresse do jovem pela política é generalizado. “Existem alguns segmentos politizados, que estão usando a rede social para prática política, como em petições, debates, ativismo. Mas o jovem está mais preocupado com o que eles chamam de ‘causar’. Falar de assunto sério hoje em dia é coisa de gente chata, e de política é pior ainda.”
Cláudio Penteado afirma que a profusão de casos de escândalo político contribuem ainda mais para afastar o jovem do processo eleitoral, mas ele crê que exercendo o voto e participando da política é possível reverter este quadro político. “O tipo de cobertura jornalística, principalmente dos grandes meios de comunicação, contribui para consolidar um imaginário popular de que todo político é igual: ‘ladrão’. Porém, apenas com a política é que se podem realizar as mudanças no quadro político.”
*Esta reportagem foi produzida por estagiários da Redação Multimídia da Faculdade de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo
