Riva diz em delação que comprava votos para eleição da Mesa da Assembleia

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Da Redação

Com G1 MT

As eleições da Mesa Diretopra da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) aconteciam supostamente mediante esquema de compra de votos e o dinheiro usado seria de empréstimos feitos em factorings e quitados, posteriormente, com verba desviada do próprio Legislativo. É o que revela um documento de uma suposta proposta de delação de ex-deputado estadual José Geraldo Riva entregue ao Ministério Público do Estrado. Partes do documento vazou para a imprensa.

Riva tenta firmar acordo de colaboração premiada com o MPE, mas como o processo está em andamento, segue sob sigilo. Partes da delação acabou nas mãos de jornalistas e vem sendo divulgado por toda a imprensa da capital.

O próprio Riva admitiu que existe um pedido de delação feito por seus advogados, mas não confirmou que seja o mesmo documento que vazou. Já o MP não confirma e nem negta a autenticidade do documento vazado e diz que o assunto é sigiloso.

No documento que teria sido entregue pelo ex-parlamentar, que passou mais de 20 anos no cargo de deputado estadual, sendo que muitos deles como presidente e primeiro-secretário da Assembleia, constam informações de que o esquema teria vigorado por duas décadas, de 1995 a 2015.

A eleição de 2012, por meio da qual José Riva assumiu a Presidência da Assembleia pela sexta vez, teria custado R$ 10 milhões, dinheiro gasto com a compra de votos dos colegas.

O documento diz que essa foi a eleição mais cara. Oito deputados teriam supostamente recebido R$ 800 mil. São eles: Ezequiel Fonseca, Ademir Brunetto, Guilherme Maluf, Wagner Ramos, Wallace Guimarães, Walter Rabello, Zé Domingos Fraga e Antônio Azambuja, que teria dividido o valor com Mauro Savi, a título de empréstimo.

Outros sete então parlamentares teriam supostamente recebido de R$ 400 a R$ 500 mil de propina cada. São eles: Sebastião Rezende, Baiano Filho, Nilson Santos, Airton Português, Luiz Marinho, João Malheiros e Dilmar Dal’Bosco.

Para essa eleição, os recursos foram levantados por meio de empréstimos junto às factorings de Júnior Mendonça, Valdir Piran e Rômulo Botelho. Wallace Guimarães emprestou parte do valor e recebeu o pagamento por meio de empresas gráficas a ele ligadas.

A partir de 2015, Riva disse que teve conhecimento de uma negociação com os deputados estaduais envolvendo dinheiro, e até imóveis entregues a dois deputados em troca de votos, sendo que alguns valores ainda se encontram em aberto.

Histórico de compra de votos
 
Segundo Riva, para a eleição da gestão relativa ao biênio 1995/1997, teriam sido pagas propinas para os deputados e à época, recém-empossado no cargo, ele se tornou primeiro-secretário em uma composição do partido dele à época, o PMN.

Ele e outros membros faziam parte do bloco União Por Mato Grosso, que à época tinha 11 deputados. Toda a coordenação dessa campanha, segundo documento entregue ao MPE, teria sido feito pelo então deputado Gilmar Fabris, que já tinha sido reeleito.

Para o biênio 1997/1999 também teria sido feito repasse de propina, cujos valores Riva disse não se lembrar. Ele afirmou, porém, que os gastos com essa campanha foram de aproximadamente R$ 2 milhões. Nessa eleição, Riva foi eleito presidente e o deputado Romoaldo Junior, que hoje ocupa vaga na ALMT, primeiro-secretário. Riva garantiu ao MPE que o valor pago foi desviado da Assembleia.

Na tentativa de firmar o acordo, Riva disse que participaram das negociações 11 deputados e que cada um teria recebido entre R$ 150 mil e R$ 200 mil cada.

Na eleição da Mesa Diretora de 1999/2001, Riva e Humberto Bosaipo foram eleitos presidente e primeiro-secretário, respectivamente. Foram gastos aproximadamente R$ 3 milhões com compra dos votos de 11 deputados.

Cada um dos parlamentares teria recebido entre R$ 200 mil e R$ 250 mil. Esses valores teriam sido obtidos por meio de empréstimos com factorings de propriedade de João Arcanjo Ribeiro, posteriormente pagos com recursos desviados da Assembleia.

Na eleição da diretoria do biênio 2001/2003, Riva voltou a ser eleito para o cargo de primeiro-secretário, e Humberto Bosaipo, presidente. Teriam sido gastos cerca de R$ 3 milhões com o pagamento de propina para os deputados. Segundo Riva, 11 então parlamentares teriam recebido entre R$ 200 mil e R$ 250 mil.

Na eleição da Mesa Diretora de 2003/2005, teria havido praticamente um “consenso” entre os deputados. Contudo, com a deflagração da Operação Arca de Noé, em dezembro de 2002, Humberto Bosaipo decidiu renunciar à candidatura ao cargo de primeiro-secretário e foi substituído pelo então deputado Silval Barbosa, que chegou a compor a chapa, mas teve pouca participação nos acertos engendrados com os deputados.

Nesse ano, Riva disse que foram desviados R$ 3 milhões divididos em propinas com valores entre R$ 200 mil e R$ 250 mil para 13 deputados.
Segundo ele, a propina foi arrecadada com recursos emprestados de donos de factorings.

Para a eleição da Mesa Diretora que comandou a Assembleia entre 2005 e 2007, Riva diz ter formado uma chapa. Essa chapa tinha ele como primeiro-secretário, que era ordenador de despesas, e Silval Barbosa como presidente.

Ele disse ter ficado responsável pela coordenação da eleição, inclusive pelo levantamento do dinheiro e que foram pagos cerca de R$ 4 milhões, que posteriormente foram quitados com recursos desviados da ALMT.

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