De acordo com estudo divulgado pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de São Caetano do Sul, aumentou o número de inadimplentes residentes na região do ABC. Usando os dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e apoio da Agência de Desenvolvimento Econômico Grande ABC foi feita uma pesquisa que ilustra este crescimento. No Grande ABC o número subiu 13,58% em abril de 2023, em comparação a abril de 2022, ficando acima da média da região Sudeste (6,87%) e da nacional (8,08%).
É possível enxergar este crescimento ao analisar os dados dos últimos dois meses. Entre março e abril, o número de devedores da região cresceu 1,84%. Enquanto toda a região Sudeste, no mesmo período, teve a variação de 0,17%. Apesar disso, o ABC ainda é um bom local para se investir, como aponta o ICM 2022 (Índice de Concorrência dos Municípios), pesquisa divulgada pelo Ministério da Economia.
Porém, de acordo com o Presidente da CDL, Alexandre Damasio Coelho, uma coisa não está atrelada a outra, pois o ICM 2022 não tem como objetivo mostrar os problemas de pessoas físicas inadimplentes, mas sim de mostrar quais cidades tem melhor acessibilidade para a entrada de indústrias, ou seja, quais os municípios tem um melhor conjunto de políticas públicas, que beneficiam as empresas que lá querem se estabelecer.
Alexandre fala da importância das pesquisas que estão sendo realizadas. Elas tem como objetivo mostrar um dado único sobre a região do ABC. “Esse índice de inadimplentes está sendo publicado há mais de um ano, antes passava diretamente pela CDL, mas agora tem até release para notícias falando sobre os dados, alcançando um maior número de pessoas, por isso sempre estamos buscando para que as pessoas tenham maior acesso a educação financeira.”
Um exemplo de ação realizada é a Escola de Educação para o Consumo de Diadema, criada no início de 2023. Apesar da boa iniciativa, é algo muito localizado, ou seja, com foco apenas nos moradores de Diadema, não tendo o destaque necessário para toda a região, como Alexandre gostaria.
O especialista diz que os dados atuais são preocupantes, pois além da grande quantidade de pessoas endividadas, o valor que cada consumidor negativado da região devia, em média, R$5.191,73 na soma de todas as dívidas, valor que em 2022 era em média de R$3.000,00. “Esse aumento de valor é preocupante para a situação do Grande ABC, porque não demonstra melhora para a região, mas sim uma piora considerável.”
O professor de economia, Sandro Maskio comenta sobre a situação vivida na cidade de São Bernardo. “O problema da inadimplência é um fenômeno nacional, mas regiões com maior aglomeração e maior volume de pessoas tendem a apresentar indicadores mais graves.” O que foi falado por Sandro é completamente válido, de acordo com a Confederação Brasileira dos Lojistas que destaca 66 milhões de brasileiros possuem dívidas, segundo ele, essa questão se dá pelo aumento no número de desempregados na região. “A dificuldade de retomada das oportunidades no mercado de trabalho empurraram muitas famílias para a dívida.”
Tatiana Aparecida da Silva, 39, dona da loja Dona Chic por aproximadamente 11 anos, comenta sobre a economia da região. “Eu que sou moradora de São Bernardo senti a mudança, não conseguia prever o que iria acontecer com relação às vendas.” A lojista menciona que nos feriados de fim de ano e dia das mães, produtos, que antes eram certeza de boas vendas, hoje isso não acontece. “Nós todos que trabalhamos com vendas não estamos conseguindo definir quando surgirão clientes, então não vivemos dependendo de grandes vendas, apenas vendas básicas.”
*Esta reportagem foi produzida por estagiários da Redação Multimídia do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo.