Dispositivos eletrônicos para o corpo custam caro

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Aparelhos como a bomba de insulina, para diabéticos, valem mais de R$ 12 mil
 
 

Quem tem diabetes ou surdez vai sentir o custo no bolso se comprar algum dispositivo eletrônico para corrigir estes problemas. Um exemplo é a bomba de infusão de insulina para diabéticos. O preço do aparelho é encontrado a partir de R$ 12 mil.

O valor faz com que os diabéticos recorram à Justiça para ter o dispositivo, que não está disponível no SUS (Sistema Único de Saúde). É o caso da estudante e bailarina Bruna Martins Belo, 19, que aguarda o processo para comprar uma bomba.

“Não tenho condições de arcar com todas as despesas, incluindo os R$ 800 mensais para a manutenção. O documento do processo está em andamento, mas não há previsão de quando vai terminar.”

Para conseguir o dispositivo custeado pelo Estado o caminho não é simples. O paciente precisa de prescrição médica para comprovar a necessidade do tratamento. Além disso, o procedimento na Justiça pode demorar meses.

Bruna, diagnosticada com diabetes desde os 3 anos, optou pela medicação por causa das complicações da doença. “O meu diabetes estava muito descompensado, e isso estava me trazendo alguns riscos, como desmaios, perda de visão e problemas na funcionalidade do rim.”

Bomba

A bomba de insulina é um dispositivo portátil que libera 24 horas por dia o hormônio de insulina no organismo. Ela fica ligada ao usuário por um cateter que transporta o hormônio para o corpo. Sua instalação é feita no tecido subcutâneo da região do abdômen, perna, braço e nádegas.

O aparelho calcula a taxa de glicose no sangue com mais precisão, de forma a manter pré-programado o controle glicêmico entre as refeições e ao longo da noite. A bomba de insulina é mais utilizada em pessoas com diabetes do tipo 1, ou seja, que produz pouca ou nenhuma insulina no pâncreas.

“Não é um tratamento obrigatório para alguns tipos de diabetes, mas é recomendado para o paciente que tem hipoglicemia, principalmente no período noturno. É também indicado para gestantes e mulheres que estão se preparando para engravidar”, disse o endocrinologista Márcio Krakauer.

Segundo ele, o tratamento com a bomba é diferente dos convencionais por dar mais conforto ao paciente com relação à espessura e aplicação da agulha, feita uma vez a cada três dias. No dispositivo também há um sensor que dispara um alarme quando a glicemia sofre alteração.

Surdez

A professora de libras Cleudimar Silva Moraes, a Cleo, 40, teve perda de audição profunda aos 15 anos de idade em decorrência da meningite. Há cinco anos, ela usa o aparelho auditivo ao lado esquerdo do ouvido, que tem como finalidade melhorar a capacidade e o reconhecimento auditivo.

Cleo também ganhou o objeto do governo estadual. Na época, o preço do aparelho era de R$ 50 mil. Ela precisou comprovar a perda de audição por meio de laudo médico e chegou a ficar na lista de espera para levar o dispositivo para casa.

“O aparelho não serve para ouvir bem. Ele serve apenas para aumentar o som e captar alguns ruídos”, disse Cleo. Ela ainda explicou que nenhum mecanismo ajuda a pessoa a voltar ouvir como antes, nem mesmo o implante coclear.

Para surdos de nascença, o dispositivo usado por Cleo pode não ter o mesmo efeito para aqueles que já tiveram a oportunidade de ouvir no passado e reconhecer os sons. Mesmo assim, ela tem certas dificuldades e confunde algumas sonoridades.

“Sons agudos, como choro de criança e cachorro latindo é complicado. Falar ao telefone também não consigo. Só ouço barulhos altos, como de carro e de avião. Vozes de pessoas eu escuto, mas não entendo. Preciso da leitura labial”.

Implante

O implante coclear é um aparelho instalado cirurgicamente na orelha e logo atrás dela, com outro dispositivo acoplado que se mantém por meio de um ímã. É capaz de estimular o nervo auditivo para causar sensações sonoras.

A cirurgia existe no serviço público. No privado, incluindo o dispositivo, o custo é de cerca de R$ 60 mil. “É indicado para quem perdeu a audição. Se o implante for colocado em bebês a partir de seis meses, o resultado poderá ser mais eficiente”, disse a otorrinolaringologista Silvana Beloto.

*Esta reportagem foi produzida por alunos do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo

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