Crise abala setor imobiliário de Buenos Aires, mas estimula construção civil

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Vendas de propriedades caem 20% no país, mas dólar barato permite gastos menores para erguer prédios

 A corrida cambial atingiu o mercado imobiliário de Buenos Aires, na Argentina, outrora a terceira capital com o metro quadrado mais caro da América Latina. Os negócios envolvendo imóveis na cidade caiu 17,1% em julho em comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo o Colegio de Escribanos de Buenos Aires. O jornal uruguaio El País publicou reportagem dizendo que a queda é ainda maior: de 20%.

 A desvalorização do peso em relação ao dólar e o encarecimento dos juros das hipotecas contribuem para um panorama de crise no setor. No entanto, se por um lado qualquer sistema de imobiliária fica vazio de negociações, há uma opção que se tornou viável para quem possui capital em dólares no país: a construção civil.

 Com a subida do dólar (que está em torno de $ 42 pesos argentinos), o custo de construção do metro quadrado na moeda internacional já é o mais baixo dos últimos anos.

 “É o momento ideal para construir. Lamentavelmente, a recessão e a desvalorização trazem essas possibilidades, já que se pode construir barato em um mercado com valores de venda caros”, disse Leonardo Rocco, CEO de uma grande corretora argentina.

A imobiliária Castex foi mais longe: fez um cálculo da economia e o publicou para seus clientes. Se antes a construção de uma casa de 223 metros quadrados custava cerca de US$ 324 mil, hoje ela sai por US$ 208 mil. Ou seja: um valor 35% menor do que o que seria utilizado no começo do ano. “É uma oportunidade tanto para construir como para quem tem um bom apartamento em Buenos Aires, porque pode vendê-lo em dólares e construir, em seguida, usando pesos argentinos”, afirma Rocco.

Para Alejandro Bennazar, presidente da Cámara Inmobiliaria Argentina, é possível fazer três leituras da conjuntura do setor imobiliário da capital argentina hoje: há os consumidores que têm dinheiro disponível e segue fazendo negócios apesar da crise, aqueles que podem ser convencidos a fechar negócios pontuais e o setor de crédito, que precisa “usar a criatividade. “Ele precisa gerar ferramentas, porque com o impacto que tivemos, o aumento do câmbio é como se tivesse caído um meteoro em cima da gente”, afirmou.

Ele contou à agência de notícias Télam que, antes da subida do câmbio, ele recebia cerca de 12 consultas diárias de interessados em imóveis. Hoje, recebe uma. “Os proprietários oferecem seus imóveis em dólares e os bancos dão os créditos em pesos”, finalizou.

A desvalorização do peso argentino em relação ao dólar estadunidense fez com que Buenos Aires caísse 36 posições no ranking das cidades mais caras para visitar por turistas estrangeiros publicado pela consultoria estadunidense Mercer. A capital argentina foi da 40ª colocação mundial para a 76ª. “A mudança de posição de Buenos Aires se deve especialmente ao efeito duplo da desvalorização do peso frente ao dólar e ao euro”, disse a consultoria em nota.

Na América do Sul, as principais cidades do Brasil, da Argentina e do Peru tiveram quedas importantes dentro do ranking de Custo de Vida Internacional elaborado anualmente pela Mercer — todos os países tiveram desvalorizações de suas moedas frente ao dólar e ao euro. As quedas vão desde passagens aéreas e pacotes turísticos até custos menores para se hospedar.

 

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