Taxa de fecundidade cai até 62% no ABC em 30 anos

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A taxa de fecundidade caiu até 61,9% nas cidades do ABC nos últimos 30 anos. Os dados constam do boletim Seade Informa Demografia, divulga­do ontem (5) pela Fundação Ssistema Estadual de Análise de Dados (Seade). A taxa corresponde ao número de mu­lheres que deram à luz a cada mil mulheres em idade reprodutiva (15 a 49 anos).

Taxa de fecundidade cai até 62% no ABC em 30 anos

Entre 1988 e 2018, Rio Grande da Serra apresentou a maior queda. De cada mil mu­lheres, 105,7 tiveram fi­lhos em 1988 no munícipio, número que caiu para 40,32 em 2018 (queda de 61,9%). Na comparação entre 2017 e 2018, a redução na taxa foi de 11,1%: 45,3 mulheres a cada mil deram à luz na cidade, ante 40,32 no ano seguinte (veja quadro ao lado).

No sentido contrário, São Caetano foi o município do ABC que registrou a menor queda na taxa de fecundidade nas últimas três décadas. Em 1988, 68,2 são-caetanenses tiveram filhos e, em 2018, esse número caiu para 45,2, queda de 33,6%. No comparativo entre 2018 e o ano anterior, a redução foi de 6,6%, haja vista que, em 2017, 48,4 mulheres tiveram filhos em São Caetano.

Ribeirão Pires foi o único município do ABC a ter alta na fecundidade na passagem de 2017 para 2018: 42,19 mu­lheres deram à luz na cidade em 2018, contra 40,59 no ano anterior, crescimento de 3,9%. Em 1988, nasceram 90,9 crianças no município.

ESTADO

Segundo Lucia Mayumi, demógrafa da Fundação Seade, desde os anos 1980 tanto o Estado de São Paulo como o ABC têm registrando reduções na taxa de fecundidade. Segundo dados divulgados ontem, em 2018, em cada mil mulheres na faixa etária de 15 e 49 anos, 50 tiveram filhos no Estado.

“Desde 1980, a fecundida­de vem caindo no Estado. Fo­ram vários momentos de queda bastante importantes. A pri­meira foi no início da década de 1980. Essa redução veio até meados da década de 1990 e estabilizou um pouco. No início dos anos 2000 voltou a cair de forma bastante acelerada até perto de 2010, depois se estabilizou novamente. Então, o que varia no período analisado é a intensidade dessa queda”, pontuou.

Para a demógrafa, a redução na taxa de fecundidade está re­lacionada à mudança de comportamento da sociedade. “Essa queda é observada não só na redução do número de filhos, mas na idade com que as mulhe­res estão dando à luz. Até 2000 a idade média era de 26, 27 anos. Hoje, o número de filhos não se altera muito, mas a idade com que as mulheres têm filhos está cada vez mais elevada. Há regiões no Estado em que a idade média chega perto dos 30 anos. As mulheres realmente estão adiando a fecundidade, seja em função da maior quantidade de anos de estudo, seja para conquistar melhor colocação no mercado de tra­balho”, destacou.

Lucia ressaltou que, desde 2010, tanto o ABC como o Estado têm registrado estabilidade na fecundidade. “As taxas têm variado pouco nos últimos anos. O que observamos é que existe diferencial em relação à média estadual. Em 2018, a região apresentou fecundidade inferior à do Estado, que foi de 50 mu­lheres por mil. Olhan­do o comportamento por idade-fecundidade, as cidades têm estruturas bem diferentes. Em São Bernardo, Santo André e São Caetano, as mulheres têm filhos com idade mais ele­vada, enquanto nos outros municípios a idade média é mais baixa, principalmente em Rio Grande da Serra, onde o número de nascimentos também é bem inferior aos ou­tros municípios”, explicou.

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