Paulo Henrique Amorim morre aos 77 anos e imprensa independente perde um de seus baluartes

ARTICLE TOP AD

Da Redação

O corpo do jornalista Paulo Henrique Amorim, 77 anos, será velado na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) entre 10h e 15h desta quinta-feira, 11. Amorim morreu na madrugada desta quarta-feira, 10, vítima de enfarte fulminante. Ele havia voltado de um jantar com amigos e se sentiu mal pouco depois de chegar em sua casa, no Rio de Janeiro.

O jornalista, uma das mais destacadas vozes da imprensa independente, trabalhava como apresentador da revista eletrônica “Domingo Espetacular”, veiculada pela Rede Record, há 14 anos. PHA, como era conhecido entre os colegas de profissão, havia sido afastado do programa pela direção da Record após pressão do governo de Jair Bolsonaro, que era duramente criticado pelo comunicador em seu blog “Conversa Afiada”.

Em função da perseguição e das ameaças que vinha sofrendo de bolsonaristas, Paulo Henrique Amorim impetrou uma ação na Comissão de Direitos Humanos da ONU denunciando cerceamento à sua liberdade de expressão.

Além da Record, PHA passou por emissoras como a extinta Rede Manchete, Rede Globo, TV Cultura e Rede Bandeirantes onde apresentou o Jornal da Band. O jornalista também fez história atuando como repórter e editor de veículos de mídia impressa, como as revistas Realidade e Veja. Ele foi editor de  Economia na Veja, onde ganhou um Prêmio Esso – à época, o principal do País – na década de 1970 por uma reportagem sobre distribuição de renda.

Em seu Blog e canal no Youtube, “Conversa Afiada”, Paulo Henrique Amorim fazia um jornalismo crítico, de opinião alinhada com as pautas da esquerda democrática, e politicamente independente, postura que mantinha distante quando atuava como apresentador no programa da Rede Record.

A morte repentina do jornalista despertou comoção entre seus seguidores, admiradores, colegas e entre os artistas e setores progressistas da política.

Por meio da conta oficial no Twitter do ex-presidente Lula, preso em Curitiba, foi divulgada hoje a última carta que ele escreveu ao jornalista Paulo Henrique Amorim. Na carta, que também havia sido reproduzida no blog de Amorim, o Conversa Afiada, o ex-presidente o elogia pelas críticas ao juiz e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.

“Querido Paulo Henrique Amorim, parabéns pela faca afiada sobre o projeto do Moro. Só ajuda promotores, ou seja, acusadores e os juízes. Pergunta: como fica a defesa?”, diz a carta.

O trecho faz referência ao fato de Paulo Henrique Amorim ter dito que o ministro Moro teria um projeto de poder sobre o Brasil.

Em seu blog, Amorim sempre fazia críticas ácidas e bem humoradas ao governo Bolsonaro. Ao mesmo tempo, o jornalista era um dos mais fiéis defensores do ex-presidente Lula.

A ex-presidente Dilma Rousseff, ex-candidatos à Presidência como Ciro Gomes, Fernando Haddad e Manuel D’Ávila e os governadores do Maranhão, Flávio Dino, e da Bahia, Rui Costa, entre outros políticos, também expressaram pesar pela morte do jornalista.

Em nota, a bancada do PT na Câmara dos Deputados também lamentou a morte do jornalista. “A sua trajetória profissional o coloca como referência obrigatória no jornalismo democrático, crítico e ligado às causas nacionais e populares.

Sua morte enfraquece o jornalismo brasileiro, sobretudo num momento em que a sociedade necessita de vozes combativas para defender a democracia e enfrentar os inúmeros retrocessos em curso no país”, diz o comunicado.

0

ARTICLE BOTTOM AD