O presidente da Ford América do Sul, Lyle Watters, disse que mantém negociações com empresa interessada em adquirir a fábrica localizada em São Bernardo e espera desfecho para as próximas semanas. O executivo, porém, confirmou que toda a produção da unidade será desativada em outubro.
Única empresa a confirmar interesse na planta, o grupo Caoa – do brasileiro Carlos Alberto de Oliveira Andrade – ainda busca uma forma de bancar a compra. Segundo fontes do mercado, o empresário não obteve empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) necessário para fechar o acordo.
A Caoa teria solicitado crédito de R$ 3 bilhões, mas o BNDES ofereceu R$ 2 bilhões, o que teria frustrado a empresa.
“Sou otimista sobre a possibilidade de surgir um comprador local, mas a janela (de tempo) está se fechando”, afirmou Watters, durante evento realizado ontem (7), na Capital paulista, para confirmar a chegada ao Brasil do SUV Territory, produzido na China.
No mês passado, em Brasília, o ministro da Economia, Paulo Guedes, sinalizou ao prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), a disposição do BNDES de ajudar o grupo interessado na compra da unidade.
“O ministro expôs sua preocupação com tudo o que envolve a fábrica da Ford, o forte impacto que (o fechamento) terá em São Bernardo e os agravantes problemas de desemprego no país”, afirmou Morando, naquela oportunidade.
BUSCA
Desde o anúncio do fechamento da fábrica, em fevereiro, o governador João Doria (PSDB) lidera a busca por um comprador, ainda sem sucesso. No final do mês passado, a produção do Fiesta foi interrompida, o que resultou na demissão de 750 trabalhadores. Em outubro, será a vez da linha de caminhões.
Em fevereiro, quando a Ford anunciou o fechamento da unidade de São Bernardo, a fábrica tinha 2,8 mil funcionários. Atualmente, a planta emprega cerca de 1,2 mil, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Muitos trabalhadores aderiram ao pacote de benefícios proposto pela empresa como compensação pelo fechamento da unidade. Outros ainda aguardam o desfecho das negociações para tentar manter seus empregos.
A Ford decidiu fechar a fábrica do ABC após orientação da matriz nos Estados Unidos, que não viu oportunidade de lucratividade na operação e decidiu abandonar o negócio de caminhões no Brasil. Com isso, a produção de automóveis será concentrada na fábrica de Camaçari, na Bahia.