Em períodos de festas, os estoques de sangue tornam-se insuficientes para suprir a necessidade nos atendimentos de saúde. No mês de fevereiro, período logo após as festas de fim de ano que antecedem o Carnaval, a situação se agrava ainda mais, afetando todo o estado de São Paulo. O déficit nos hemocentros compromete o atendimento a hospitais e unidades de saúde, aumentando o risco de desabastecimento em casos emergenciais.
A preocupação com a queda nos estoques, porém, não se restringe ao interior paulista. De acordo com a médica hematologista e hemoterapeuta da Fundação Pró-Sangue do Hemocentro de São Paulo, Selma Soriano, os estoques em todo o estado de São Paulo estão se aproximando de 50%. “O estoque de sangue para utilização transfusional abaixo de 50% é considerado crítico e, ao atingir esse nível, é necessário adotar medidas imediatas para aumentar os estoques e diminuir o uso dos hemocomponentes”, diz a médica.
Uma das estratégias para gerenciar a distribuição do sangue disponível em São Paulo é o monitoramento contínuo das ações por meio de um painel centralizado, que opera 24 horas, diz Selma. “Esse painel permite um intercâmbio entre os nove centros públicos do Estado de São Paulo e viabiliza ações imediatas para aumentar o estoque, como aumentar o horário de funcionamento, abrir postos de coleta aos finais de semana, enviar o ônibus de coleta até o doador.” Além disso, explica Selma, “a integração entre os hemocentros, promovida pela Hemorrede da Secretaria Estadual da Saúde, possibilita o remanejamento de bolsas de sangue conforme a necessidade de cada região”.
No caso específico de falta de tipos sanguíneos raros, como dos grupos B e AB, a médica explica que é feito o uso racional do sangue, priorizando os pacientes com maior urgência. “A maioria das transfusões pode aguardar 24, 48 e até 72 horas. Nessas situações, utilizamos critérios rigorosos para liberar o sangue apenas para quem realmente precisa naquele momento”, esclarece Selma. Essa gestão criteriosa, destaca a médica, “contribui para evitar desperdícios e garantir que os estoques sejam suficientes para atender emergências”.
Seja um doador
Belagamba Junior diz que para se tornar um doador é muito simples, basta ir até o Hemocentro e levar um documento oficial com foto. “As mulheres devem ter acima de 51 quilos e os homens mais de 50 quilos, ambos devem ter entre 18 e 60 anos, caso seja a primeira doação. Se já for doador, pode doar antes de completar 70 anos e menores de idade a partir de 16 anos, acompanhados de um responsável.” Ele também diz que pessoas que estão tomando alguma medicação, como antibióticos, ou que estejam com gripe ou resfriado, precisam esperar pelo menos 15 dias após o término para doar.
O horário de funcionamento do Hemocentro do campus da USP de Ribeirão Preto, inclusive no Carnaval, é de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h, e de sábado e domingo, das 7h às 12h. As coletas também podem ser realizadas na Rua Quintino Bocaiuva, 470, de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 12h, com exceção de quarta e sexta, que funciona até as 17h30.
Mais informações pelos sites hemocentro.fmrp.usp.br, saude.sp.gov.br ou pelo telefone 0800 979 6049.