Dia dos Solteiros chinês, a Black Friday sete vezes maior que a dos EUA

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Dia das compras na China movimentou R$ 143 bilhões, recorde histórico de fluxo de dinheiro em tão pouco tempo

Duas semanas depois do massivo Double 11 (referência ao dia 11 de novembro) ou Dia dos Solteiros (Single’s Day) do ano passado, na China, os Estados Unidos viram ruir de vez a data que outrora era a mais importante do varejo mundial: a Black Friday. Apesar dos números ainda estarem em crescimento, a consultoria Adobe Analytics estima que em 2017 as vendas da data estadunidense excederam a quantia de US$ 3,54 bilhões — um valor sete vezes menor do que o registrado na data chinesa.
Em quantidades de consumidores, os vendedores na China e nos Estados Unidos administram seus negócios para tornar as compras em algo como um esporte. Nos EUA, a competição pelas vendas pode ser feroz e, às vezes, até violenta, com pessoas correndo às lojas nas primeiras horas da Black Friday para garantir os descontos.

Já na China, a Alibaba tornou o Single’s Day em um tipo de entretenimento — em 2017, o dia foi marcado por shows do cantor estadunidense Pharrell e da atriz hollywoodiana Nicole Kidman. A grande estrela, no entanto, é sempre o presidente da empresa de e-commerce, Jack Ma.Para além dos espetáculos, os dois eventos de compras são geralmente vistos como um impulso para a saúde da economia. O volume de vendas é usado como indicador da confiança dos consumidores, enquanto os tipos de itens negociados podem ainda ajudar a compreender as tendências e o quanto as pessoas estão confortáveis em adotar as últimas tecnologias.

Como os números continuam em expansão, é difícil saber exatamente quais dados podem ser usados para fazer comparações, mas o Informa ABC se baseou nos mais recentes para mostrar o tamanho do feriado chinês em comparação ao estadunidense: juntos, eles combinaram em 2017 US$ 41 bilhões em vendas (R$ 154,9 bilhões, na cotação de agosto). Como referência, a Alemanha gastou o mesmo volume de dinheiro em toda a sua defesa militar no mesmo ano.
A maior parte dessa quantia foi feita pelo Single’s Day — foram gastos US$ 38 bilhões (R$ 143,4 bilhões) no dia 11 de novembro, quebrando o recorde mundial de vendas em um mesmo dia. Só a Alibaba conseguiu movimentar cerca de US$ 25 milhões (R$ 94,4 milhões).

A Black Friday, que também acontece em novembro nos Estados Unidos — e no Brasil — alcançou no ano passado a marca de US$ 3,54 bilhões (R$ 13,3 bilhões), segundo a Adobe Analytics, plataforma que observa cerca de 80% das transações online das 100 maiores varejistas web dos Estados Unidos. A imprensa estadunidense defendeu, em 2017, que os dados indicavam uma recuperação da economia do país.
Demora meros três minutos e um segundo para a plataforma Tmall, da Alibaba, que permite que compradores internacionais e locais troquem objetos, alcançar a marca de 10 milhões de yuans, ou US$ 1,5 milhão (R$ 5,6 milhões). É a metade do tempo que a Black Friday conseguiu para atingir o mesmo número no ano passado (6 minutos e 58 segundos).

A Tmall é casa de uma grande seleção de marcas internacionais, como Nike, L’Oreal e Lego. As vendas da plataforma, segundo indicadores, são parte de uma grande tendência entre classes médias chinesas em expansão de buscar produtos de alta qualidade no exterior.
Como a Black Friday inclui um grande número de vendedores individuais e, então, há mais dados fragmentados, não há um número comparável para os Estados Unidos. De qualquer forma, a Shopify, uma plataforma que alimenta e-commerces, está acompanhando em tempo real as vendas de mais 500 mil empresas no país.
No Brasil, a Black Friday do ano passado teve um crescimento de 10,3% em relação a 2016. Segundo a E-Commerce News, foi o dia de maior volume de transações da história do comércio online brasileiro: R$ 2,1 bilhões foram arrecadados pelas empresas na web.

A consultoria de mercado GBH Insights afirmou no começo deste ano que a Amazon foi responsável por 50% por todas as vendas do e-commerce estadunidense na última Black Friday. A varejista online lançou suas promoções cedo e espalhou os preços entre seus próprios produtos, como o Echo, e na rede de membros que mantém. Em 2017, a empresa se juntou ao ranking das companhias mais ricas do mundo, chegando a meio trilhão de dólares de valor de mercado.
De forma similar, a Tmall, da Alibaba, contou por cerca de 66% de todas as vendas do Single’s Day no ano passado, enquanto a Amazon China fez apenas 2% de todas as vendas do país.

Embora as vendas online decolaram nos dois países, os consumidores chineses são muito mais seguros em comprar por celular. Cerca de 90% das vendas registradas pela Alibaba no Single’s Day foram feitas por meio de dispositivos móveis, um crescimento significativo levando em conta que, em 2015, 69% das transações aconteceram por smartphones.
“Na China, e-commerce é móvil”, explica o publicitário André Rodrigues, que trabalha para uma empresa chinesa em São Paulo. “Sistemas como Alipay e WeChat são parte da vida cotidiana deles”, completa.
Nos Estados Unidos, os dispositivos móveis são geralmente usados para pesquisas e, na hora da compra, os consumidores preferem ir à loja ou acessar um desktop. Uma pesquisa feita pela IBM mostrou que 50% do tráfego online no país é oriundo de smartphones, mas apenas 34% das vendas são feitas por meio deles. Esse dado ainda cresceu oito pontos percentuais em relação a 2016.

 

 

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