8 tendências e perspectivas para a mobilidade global

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O complexo cenário dos negócios e da mobilidade em âmbito global continua a evoluir, o que nos impulsiona a olhá-lo com atenção e entender como impactará o universo da realocação. Estamos presenciando o surgimento de novos conceitos em 2017 e também percebendo a necessidade de antigos paradigmas serem atualizados. As empresas se beneficiam de novas tecnologias e de uma colaboração global cada vez mais forte.

É impossível prever o que acontecerá no futuro, mas os profissionais devem estar preparados para mudanças neste universo. Espero, portanto, que esta seleção das principais tendências em mobilidade/realocação o inspire a considerar novas possibilidades e formas inovadoras de pensar, assim com a preparar a sua organização para estes desafios.

  1. 1. Reduzindo a desigualdade de gênero
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O número de mulheres em trabalho no exterior está em ascensão, porém, a porcentagem de expatriadas femininas permanece ainda em torno de tímidos 20% em relação ao total de expatriados.  Como qualquer estratégia de diversidade e inclusão, a única maneira de mudar comportamentos e causar impacto é impulsionando a mudança de cima para baixo – e desenvolvendo uma cultura na qual a desigualdade seja inaceitável e ações sejam tomadas para garantir a inclusão.

Barreira inconsciente: Dirigentes de ambos os sexos tendem a pensar que mulheres não aceitariam uma posição internacional. Assim, não lhes oferecem.

Timing: Oportunidades para trabalhos no exterior de longo prazo às vezes  acontecem com pouco ou nenhum planejamento antecipado. E as responsabilidades familiares, ainda atributo da mulher em grande medida, são as principais barreiras.

Carreiras paralelas e responsabilidades familiares: as políticas tradicionais de expatriação foram criadas para empregados do sexo masculino com esposas assumindo grande parte das responsabilidades de adaptação familiar. As candidatas mulheres ainda não recebem o mesmo sistema de apoio, afetando a capacidade de suas famílias ajustarem-se  em circunstâncias iguais.

Empresas seriamente empenhadas em reduzir a desigualdade de gênero fazem treinamentos para evitar este viés inconsciente e estabelecem links entre o desenvolvimento de talentos e experiência internacional. Também, estas empresas procuram fazer planejamento de transferências com bastante antecedência, de maneira que o funcionário consiga melhor alinhar suas necessidades profissionais e pessoais. E ajustam suas políticas para incluir mais flexibilidade e suporte para as necessidades da família e do cônjuge/parceiro.

 

  1. A economia gig e seu impacto na mobilidade

O conceito de economia gig tem sido uma crescente discussão na área de RH e, em algumas indústrias, já é um modelo de negócio utilizado. A economia gig reflete um ambiente de trabalho onde as posições contratuais temporárias são comuns, e as empresas utilizam trabalhadores independentes para preencher compromissos de curto prazo. Olhar esta tendência do ponto de vista da mobilidade é a grande novidade em 2017.

O crescimento da economia gig expande-se para além das indústrias tradicionais. Um estudo do Intuit prevê que até 2020, 40% dos trabalhadores americanos serão colaboradores independentes. Neste cenário, políticas de mobilidade para funcionários gig, desafios de compliance, indústrias globais emergentes que mais disputam estes profissionais e as localidades onde o repatriamento de funcionários gig serão mais comuns, são os grandes tópicos em discussão.

 

  1. Como os milênios estão remodelando a mobilidade

O tema milênios não é novo. A geração milênio está envelhecendo e muitos encontram-se na metade de suas carreiras – ou pelo menos estabelecidos em suas organizações. O que está emergindo é a capacidade de reconhecer como os milênios estão reformulando a mobilidade e as organizações estão se ajustando para atender aos seus requisitos. Essas mudanças estão inclusive tornando-se norma da indústria:

– Políticas e estratégias de baixo custo para aumentar as oportunidades internacionais a este público

– O desejo dos profissionais da geração milênio por uma experiência internacional já no início da carreira é apoiado pelas empresas como uma maneira de recrutar e reter talentos.

– Abordagens mais flexíveis de como alguns elementos da política são oferecidos, tais como subsídios para mudança ou instalação,  subsídios de mobiliário, etc

– Alternativas online do tipo “faça você mesmo” para que o próprio empregado organize habitação, transporte e detalhes da viagem.

 

  1. Redução de Custos

Reduzir custos é um tema perene na mobilidade global. Para viabilizar a redução de custos é fundamental conservar a política tradicional de pagamentos atrelada ao país de origem apenas para expatriados VIP ou de alto retorno, e utilizar uma abordagem de compensação baseada nos padrões do país destino, para as transferências mais corriqueiras. Além disso, centralizar todos os dados relacionados às transferências, para que os custos e as exceções possam ser rastreados e analisados, auxilia muito nesta economia.

  1. Abordagem de políticas de baixo custo

Políticas tradicionais de realocações de longo prazo baseadas em remuneração e benefícios do país de origem, estão evoluindo para abordagens de custo mais baixo. Tendência que  representa uma grande mudança em nossa indústria. A visão tradicional, atrelada ao país de origem, é cara e não reflete os movimentos atuais, que falam menos do envio  de funcionários para realocações temporárias, e mais sobre como atender às necessidades do negócio, onde quer que estejam.

  1. O impacto da tecnologia na mobilidade

A tecnologia impactou todas as indústrias e a mobilidade não é exceção. Um aspecto em que houve grandes melhorias foi a capacidade de obter dados precisos sobre os programas de mobilidade. As empresas agora podem acompanhar a maioria dos detalhes relacionados à equipe realocada, como volume total, locais, localizações anteriores, tipos de realocações, tempo restante e funcionários repatriados. A tecnologia permite recortar dados com base em informações demográficas (gênero, geração, status familiar, região e unidade de negócios) para melhor entender esta população de funcionários, podendo então descobrir o quanto eles gastam e que tipo de assistência é mais utilizada.  Desta forma é possível medir o ROI de forma tangível.

 

  1. Talent Mobility– Como reter os jovens

O conceito de talent mobility está associado às mudanças verificadas na última década, onde consolidou-se a migração de um enfoque de mobilidade tradicional – mover um funcionário de A para B e depois para A de novo – para um enfoque mais estratégico: identificar os postos a preencher, selecionar, preparar a pessoa certa e fazer uma conexão entre a experiência internacional e o plano de carreira, retendo o talento expatriado após a volta. Em empresas maduras, equipes de mobilidade global trabalham com colegas responsáveis ​​pelo recrutamento, desenvolvimento e retenção de talentos e liderança futura, para garantir que políticas e programas de mobilidade apoiem os objetivos dos talentos da empresa.
Houve um crescimento nos movimentos de iniciativas próprias, trocas de talentos e repatriações  de curto prazo. Também surgiram políticas de benefícios mais criativas e flexíveis.  A guerra para reter talentos, assim como os novos valores dos milênios, estão modificando o papel da mobilidade global.

 

  1. Incerteza política

O tópico final não é tanto uma tendência, mas sim uma reflexão sobre dois eventos políticos que estão transformando o cenário da indústria e de muitas empresas globais.

2017 trouxe essa incerteza para dois países que são, historicamente, líderes globais de negócios e centros internacionais de mobilidade – em termos de volume de destinatários que se deslocam por suas fronteiras. Como resultado, veremos muitas empresas globais repensarem a maneira como se envolvem com a comunidade internacional em geral.

A saída da Grã-Bretanha da União Europeia está definitivamente em andamento. A livre circulação de pessoas, bens de capital, serviços e sentimentos anti-imigração certamente farão parte desta equação e a comunidade empresarial internacional deve começar a preparar-se para a incerteza que virá de uma União Europeia fragilizada.

Também, desde a posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o país rapidamente passou de líder do mundo livre, liberalizado e globalmente conectado, para uma superpotência cada vez mais imprevisível, isolacionista e internamente dividida.

O aumento da incerteza requer portanto uma comunicação mais forte com os repatriados, principais centros de negócios do mundo e com os funcionários preocupados em aceitar trabalhos internacionais, devido à mudança de atitude em relação às populações imigrantes.

Concluindo, diria que as tendências de mobilidade internacional são imperativas para estimular o pensamento crítico. Através delas é possível compreender o que está por vir e então aprimorar seus próprios programas e estratégias. É um momento emocionante e desafiador para os profissionais de mobilidade global – vamos ver onde todas essas mudanças nos levam!

Haroldo Modesto é diretor regional da Crown para América Latina e Lisa Johnson é especialista em mobilidade global da Crown, multinacional de realocação de profissionais que possui forte presença no Brasil. A companhia possui 200 escritórios distribuídos em 58 países. Com mais de 5 mil funcionários e 10 mil clientes em todo mundo, a Crown administra cerca de 120 mil expatriações anualmente.

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